Carlos Chagas
Apesar do sigilo imposto pelo falecido ministro
Teori Zavaski e religiosamente mantido
pela ministra Carmem Lúcia, continuam sendo pinçados nomes de políticos
importantes como alvo das 77 delações premiadas feitas por ex-diretores da
Odebrecht. Dentro de mais uns dias, no Congresso e na mídia, os mais de cem
implicados nas denúncias serão conhecidos, iniciando-se as investigações pelo
Ministério Público e a Polícia Federal e, em seguida, o julgamento pelo Supremo
Tribunal Federal.
Por nossa conta e risco, já que nada foi oficializado,
vamos fixar-nos em dois deles, conforme corre na Câmara e no Senado: Eunício
Oliveira e Rodrigo Maia.
Ignora-se de que são acusados, ainda que o leque esteja aberto. Caixa Dois, recebimento ilegal de recursos, dinheiro irregular, peculato e outros enquadramentos, apesar de nada estar comprovado.
O diabo é que o senador e o deputado encontram-se no meio
da fogueira. São os favoritos para se tornar presidentes do Senado e da Câmara.
Contam com votos de sobra para se elegerem no começo de fevereiro. Só não se
sabe se antes ou depois de conhecida a lista da Odbrecht. Eleitos antes,
poderão suas posses ser contestadas por seus próprios eleitores? Depois, não
deixariam em má situação as respectivas casas legislativas?
Pode ser que se trate de injustiça, exagero ou excesso
por parte dos denunciantes. Gastos de campanha, feitos de acordo com a lei,
podem ser confundidos com irregularidades.
Tanto Eunício quanto Rodrigo terão
todas as prerrogativas para defender-se. Mas se não conseguirem? Aparecerão
candidatos de última hora para substituí-los? E se forem condenados pelo
Supremo Tribunal Federal?
A sombra da desmoralização paira sobre pelo menos a
metade do Congresso, tornando-se uma questão de dias, quem sabe de horas,
decifrar o enigma da esfinge que sobrevoa a Praça dos Três Poderes.
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