Carlos Chagas
Em 1930, perguntaram ao então presidente interino da
República, Getúlio Vargas, o que tinha feito para livrar-se do peso incômodo
dos tenentes, que se julgavam condôminos do poder. A resposta veio rápida:
“promovi-os a capitães...” Vale acrescentar que a capitães e a
governadores-interventores.
O episódio se conta a propósito das dificuldades
enfrentadas pelo presidente Michel Temer para conviver com o PMDB. Na falta de
um único líder maior, o partido pressiona o chefe do governo a todo instante.
Quer mais ministérios e o controle dos principais setores da administração, bem
como mandar na Câmara e no Senado e nos governos estaduais. Para sorte de
Temer, por sinal a figura mais expressiva do partido, os peemedebistas não se
entendem. Cada um tenta passar o outro
para trás, sendo que alguns já se viram jogados no mar, para satisfação dos
demais.
No fundo, trava-se no maior partido nacional uma luta sem
quartel, diante da mais intrincada questão a envolver o partido: haverá um
candidato do PMDB à sucessão de 2018?
Afinal, seria direito natural a apresentação de um deles na disputa pelo
palácio do Planalto. Mas qual?
Romero Jucá foi para o espaço, Geddel Vieira Lima também,
além de Henrique Alves, para não falar de Eduardo Cunha, Renan Calheiros e
outros. Sobraram Moreira Franco e Eliseu Padilha, na alça de mira do conjunto.
A conclusão é de que como Getúlio Vargas impediu que
todos os tenentes ascendessem ao trono, inclusive Juarez Távora, Michel Temer
também afasta o PMDB. O passado sempre nos dá lições: como Getúlio manobrou e
ficou, estará o atual presidente visando o mesmo objetivo? Numa palavra: sua
disposição anunciada de não concorrer a um novo mandato será mesmo para valer?
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