sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Superar divisões

A maior grandeza das pessoas, instituições e nações está em sua colaboração com a promoção da justiça e da paz, para se proteger a cidadania para todos.


Dom José Alberto Moura 

Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

O ser humano tem dentro de si a noção de bem e de mal, à exceção de alguns com distúrbios psíquicos. Se houver educação do caráter desde a infância, com orientação para a busca e a prática de valores humanos e éticos, teremos comportamentos mais altruístas e saudáveis. Ao contrário, o egoísmo pode dominar a vontade das pessoas para elas seguirem mais os instintos não bem canalizados.

Grandes condicionamentos que formam profundamente a humanidade para a subjetividade exacerbada são o  consumismo e o hedonismo. Dentro disso se coloca muita força na busca do ter e do prazer, rejeitando-se muito os valores da ética, da verdade, do bem comum e da solidariedade. Divisões surgem com agressividade física e moral entre pessoas, famílias e nações.

Mesmo pessoas que se dizem religiosas muitas vezes aceitam o culto, a oração e certas liturgias, mas não assumem as verdades e exigências da pessoa e do Evangelho de Jesus, sendo incongruentes com sua profissão de fé. Aliás, estamos num mundo em que, mesmo na esfera religiosa, não se querem aceitar determinadas regras de conduta.  Às vezes se muda de religião  por conveniência e certas facilitações de conduta. Há quem, em vez de aceitar as orientações de uma instituição, quer determinar as próprias conveniências para elas.

Por interesses econômicos e de domínio político fazem-se guerras, fabricam-se armamentos e se invadem territórios, provocando-se até genocídio em relação a povos e nações. Até se formam as crianças para a beligerância, em nome de  Deus e de sua Palavra. As guerras não resolvem as questões humanas e nem engrandecem a quem as provoca e têm vantagens econômicas e de domínio sobre outros. A maior grandeza das pessoas, instituições e nações está em sua colaboração com a promoção da justiça e da paz, para se proteger a cidadania para todos. A vingança não pode ser usada como arma para se fazer justiça com as próprias mãos.

 O apóstolo Paulo exorta os cristãos a promoverem a concórdia: “Sejais todos concordes uns com os outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e concordes no pensar e no falar” (1 Coríntios 1,10). Para isso, além do culto religioso, é preciso formar as pessoas desde o berço, no cultivo da alteridade, que leva à prática da justiça, da misericórdia e do amor.

A missão dada por Jesus aos apóstolos os levou à doação total de si para ensinar as pessoas de todos os lugares onde puderam ir para se conscientizarem da necessidade de coerência no seguimento do Mestre. Isso exige união, compreensão e doação de si pela promoção do entendimento e viver em harmonia. A superação do egocentrismo é indispensável, mesmo se for necessário dar a própria vida em bem do próximo. O entendimento e a união dos discípulos são indispensáveis para se seguir o Senhor.

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