Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
O ser humano tem dentro de si a noção de bem e de mal, à
exceção de alguns com distúrbios psíquicos. Se houver educação do caráter desde
a infância, com orientação para a busca e a prática de valores humanos e
éticos, teremos comportamentos mais altruístas e saudáveis. Ao contrário, o
egoísmo pode dominar a vontade das pessoas para elas seguirem mais os instintos
não bem canalizados.
Grandes condicionamentos que formam profundamente a
humanidade para a subjetividade exacerbada são o consumismo e o hedonismo. Dentro disso se
coloca muita força na busca do ter e do prazer, rejeitando-se muito os valores
da ética, da verdade, do bem comum e da solidariedade. Divisões surgem com
agressividade física e moral entre pessoas, famílias e nações.
Mesmo pessoas que se dizem religiosas muitas vezes aceitam o culto, a oração e certas liturgias, mas não assumem as verdades e exigências da pessoa e do Evangelho de Jesus, sendo incongruentes com sua profissão de fé. Aliás, estamos num mundo em que, mesmo na esfera religiosa, não se querem aceitar determinadas regras de conduta. Às vezes se muda de religião por conveniência e certas facilitações de conduta. Há quem, em vez de aceitar as orientações de uma instituição, quer determinar as próprias conveniências para elas.
Por interesses econômicos e de domínio político fazem-se
guerras, fabricam-se armamentos e se invadem territórios, provocando-se até
genocídio em relação a povos e nações. Até se formam as crianças para a
beligerância, em nome de Deus e de sua
Palavra. As guerras não resolvem as questões humanas e nem engrandecem a quem
as provoca e têm vantagens econômicas e de domínio sobre outros. A maior
grandeza das pessoas, instituições e nações está em sua colaboração com a
promoção da justiça e da paz, para se proteger a cidadania para todos. A
vingança não pode ser usada como arma para se fazer justiça com as próprias
mãos.
O apóstolo Paulo
exorta os cristãos a promoverem a concórdia: “Sejais todos concordes uns com os
outros e não admitais divisões entre vós. Pelo contrário, sede bem unidos e
concordes no pensar e no falar” (1 Coríntios 1,10). Para isso, além do culto
religioso, é preciso formar as pessoas desde o berço, no cultivo da alteridade,
que leva à prática da justiça, da misericórdia e do amor.
A missão dada por Jesus aos apóstolos os levou à doação
total de si para ensinar as pessoas de todos os lugares onde puderam ir para se
conscientizarem da necessidade de coerência no seguimento do Mestre. Isso exige
união, compreensão e doação de si pela promoção do entendimento e viver em
harmonia. A superação do egocentrismo é indispensável, mesmo se for necessário
dar a própria vida em bem do próximo. O entendimento e a união dos discípulos
são indispensáveis para se seguir o Senhor.
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