Sebastião Nery
RIO – Fedro foi uma história que Platão inventou para
conversar com Sócrates.
Esopo foi um contador de histórias que os gregos ouviam
na Grécia antiga. Escravo e pobre.
Sócrates ensinava contando histórias a seus discípulos.
Trouxeram-nos a fábula eterna do escorpião e do sapo: “É
uma fábula sobre um escorpião que pede a um sapo que o leve através de um rio.
O sapo tem medo de ser picado durante a viagem, mas o escorpião diz que se
picar o sapo, o sapo iria afundar e o escorpião iria se afogar. O sapo concorda
e começa a carregar o escorpião, mas no meio do caminho, o escorpião, de fato,
ferroa o sapo, condenando a ambos. Quando perguntado por que havia picado, o
escorpião responde: que esta é a sua natureza e que nada poderia ser feito para
mudar o destino.”
Lula acha pouco ser um escorpião. Diz que é uma jararaca.
Talvez porque seja maior, mais comprida. Seus discípulos, sobretudo as
graciosas meninas do PT na TV, acham pouco ser jararaca. Preferem mesmo ser
escorpião.
Cada palavra é uma ferroada.
Prefiro Confúcio e sua mansa sabedoria chinesa, nas
primaveras e outonos com moralidade pessoal e governamental, procedimentos
corretos nas relações sociais, justiça e sinceridade.
O pais se pergunta para onde estamos indo. Não podemos
cair na armadilha da jararaca nem do escorpião. Fábulas temos melhores, mais
doces, mais mansas, mais santas.
O grande problema brasileiro é a predominância de uma
elite inculta e extrativista, disseminada em todo o quadrante da vida nacional.
Está presente e determinando rumos na condução do Estado, na política, na
economia, no sindicalismo e até nos chamados movimentos sociais. Não tem
interesse e formação, por conveniência, para enxergar as potencialidades de
desenvolvimento do País. Enxergam só a árvore dos seus privilégios
corporativos. Reformar o estado, modernizando-o, é defendido por quase toda
sociedade desde que essas reformas não atinjam os seus mais diretos interesses.
Assim é na política, na economia e amplos setores sociais. Não é paradoxal que
nos últimos anos o poder econômico tenha controlado e financiado o executivo e
legislativo. A captura do Estado pelo poder econômico produziu a atual crise,
onde a grande vítima é o povo brasileiro.
A manipulação da sociedade pelas diferentes corporações é
a estratégia que unifica os vários interesses, no mundo político, empresarial,
no sindical e afins, consolidando original aliança do capital e do trabalho.
Usando um discurso ideológico, as corporações de direita, como definiu o
economista Renato Fragelli, “querem um Estado grande para que ele seja saqueado
pelo patrimonialismo. Enquanto a esquerda quer um Estado grande, para que seja
saqueado pelo corporativismo”. Essa poderosa aliança de patrimonialismo e
corporativismo que impede a Reforma do Estado. A inoperância das elites
brasileiras em enfrentar essa realidade, tem nas instituições do Estado, em
todos os níveis, formidável aliada. A maioria dos integrantes dos três poderes
republicanos é resistente às reformas estruturais.
A “pilhagem” do Estado, as iniquidades sociais e
ineficiência econômica tem nessa esdrúxula aliança seu grande núcleo de
sustentação, impedindo a construção de um Brasil desenvolvido.
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