O “Voz da Amazônia” foi lançado em novembro de 2017 com a
participação dos povos que vivem na Reserva Nacional do Cobre e Associados
(Renca). Dom Claudio Hummes, presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia
(CEA) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e Repam ao falar do Projeto,
disse: “Voz da Amazônia ajudará muito a construir uma opinião pública mais
conhecedora da Amazônia é esperemos também mais favorável”.
A Renca é uma área que tem mais de 4 milhões de hectares,
fica entre os estados do Amapá e Pará. Em 23 de agosto de 2017 o governo
brasileiro quis extinguir essa reserva, e abrir para a exploração de minérios,
a Repam se posicionou contra a extinção.
Por isso, a Repam priorizou escutar as comunidades da
região. E entre os dias 11 e 15 de outubro de 2017 a equipe de comunicação da
Rede encontrou com lideranças do povo tiryó, karipuna e wajãpi, com membros do
Fórum Social Pan-Amazônico (Fospa-Macapá), das Pastorais Sociais da Diocese de
Macapá e da Comissão Pastoral da Terra (CPT-Macapá). Por fim fez uma inserção
nas comunidades do município de Laranjal do Jari: Reserva Extrativista do Rio
Cajari, Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Rio Iratapuru, comunidades
Padaria, São José e Cachoeira de Santo Antônio que estão na região da divisa
entre o Sul e Sudoeste do Amapá e ao Noroeste do Pará.
O Projeto foi realizado pela a CEA e Repam-Brasil, em
colaboração com a produtora Verbo Filmes e o Instituto Humanitas da
Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), e com o apoio de dom Pedro José
Conti, bispo da Diocese de Macapá; Benedito Alcântara, Repam-Macapá; Edilza
Serrano, do Mosaico da Amazônia Oriental e padre Paulo Roberto Martins, da
paróquia de Laranjal do Jari (AP).
Escutação de
histórias – Ao chegar em cada comunidade, éramos interpelados a
silenciar. As perguntas que queríamos fazer não foram necessárias, a
“escutação” foi a trilha. As lideranças com quem dialogávamos nos emudeciam.
Estávamos diante dos sábios da floresta. Pouco sabemos sobre a Amazônia e seus
guardiões. Os povos que vivem nos rios, nas reservas, na floresta, na terra
firme portam sabedoria, grande conhecimento a partir de sua relação com a
natureza. Eles sabem o que é melhor para a região e o bem viver das populações.
Mas pouco são escutados.
Nossa equipe, mesmo tendo escutado, contemplado,
convivido com os povos que vivem na Região da Renca não sabe como narrar o que
viu, ouviu, contemplou. A equipe permaneceu atenta para escutar e dar atenção à
imensidão da vida, da cultura e do saber dos amazônicos da Renca.
Ao entrevistar as lideranças, percebemos que nem sempre é
visibilizado para as demais regiões do Brasil a cultura, a resistência,
esperança e as propostas das populações tradicionais da Amazônia e o seu
compromisso de conviver, cuidar e proteger a floresta e suas comunidades.
Percebemos que precisamos escutar, conhecer e colaborar na defesa das
comunidades e seus territórios que estrategicamente são invisibilizados.
Conviver com essas populações foi uma grande
escola. Estivemos diante de lideranças sábias que vivem na prática, em seu
cotidiano a proposta da Carta Encíclica Laudato Sì do papa Francisco em que a
prioridade é sempre a vida, a dignidade da pessoa e o cuidado com a Casa Comum,
a Mãe Terra. Mas que são abandonadas das políticas públicas e só enxergadas
quando se busca a exploração de seus territórios.
Com isso, entendemos que os moradores locais devem ter
lugar privilegiado na discussão, para que interroguem e sejam escutados sobre o
que desejam para si, para seus filhos, para as gerações futuras, pois
percebemos que suas considerações e preocupações transcendem o interesse
econômico imediato.
Por irmã Osnilda Lima
Assessora de Comunicação Repam
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