Penso que não existe alguém de sã consciência, neste País,
que deixe de concluir que a gentalha desclassifica de Lula e Dilma acabou por
arrasar esta Nação. Penso igualmente que é difícil deixar de concluir que,
antes daqueles, outros calhordas foram também responsáveis pelo atual estado de
coisas.
Fico surpreso, entretanto, quando ouço agora uma turma de
luminares – babilacas eméritos da fundação tal, do instituto tanto –
recomendando, sem pudor, soluções milagrosas para resgatar o País no precipício
ao qual foi lançado. Todos tiveram suas chances e pouco ou nada fizeram pelo
Brasil. Vejo que, por acaso, são os mesmos economistas socialdemocratas e de
outras tendências que, há décadas, engendraram planos econômicos fracassados e
adotaram outras medidas incompetentes, cujas consequências ruinosas até hoje
suportamos.
Ora, falando em “Ioruba”, como um dia cantou Vinícius de
Morais, me perdoem a falta de elegância, mas que vão todos pra “tonga da
mironga do kabuletê” (traduzindo o idioma Nagô: ao pêlo do ... da mãe), até
porque sempre estiveram aqueles portentos a serviço dos poderosos, e estes
nunca quiseram mudar nada. Para tanto, além deles temos de tudo.
Tem chefão socialista incensando empregado ou lacaio de grande conglomerado de comunicação, em busca de uma aliança espúria entre a esquerda sorrateira e o negocismo manipulador mirando, como sempre, na imbecialização do povo à custa da grana do nosso bom e generoso BNDES. Está parecendo que o negócio em si não vingará e se assim for é porque certamente a emissora dona do pedaço não combinou no preço.
Tem um enxame de “candidatinhos” da esquerda delinquente disputando como abomináveis hienas a carniça do PT, cônscios de sua falta de chance, mas certos que terão algum cacife para negociar com o próximo governo.
Tem de tudo e para todos os gostos, até novos nomes de
muitas cores e matizes, mas ninguém disposto a levantar o povo para a sua
frente marchar objetivando destruir a situação reinante que nos levou ao caos
moral, econômico e social.
Esta situação parece não nos oferecer uma saída. É como se
tudo estivesse contaminado a ponto de se constatar que um simples protesto de
nossa gente contra toda essa ignomínia, como agora ocorreu nos desfiles das
escolas de samba no Rio de Janeiro, ao invés de expressar o sentimento
espontâneo do povão veio marcado pelo sempre falso e torpe “politicamente
correto”, livrando da crítica o PT e sua corja, como se não tivessem nada com o
que aí está.
Como um dia disse o grande Ruy, em praça pública, “diante
disto, depois disso nem sei como principie”. A não ser mediante uma medida
drástica como aquela que antes me referi, tal como qualquer homem de bem neste
País também não sei o que fazer, nem como principie, ou de que forma possamos
nos livrar, definitivamente, de toda essa gente abjeta que tomou os três
poderes desta Nação de assalto, nos últimos 30 anos.
Parece que está todo mundo cansado, exausto e saciado com
algumas “prisõezinhas” espetaculares, mesmo que decepcionado com iguais shows
de solta bandidos que surgem em meio a sinais de uma longa e doída recuperação
econômica, que por muito tempo ainda, não vai nos restituir os mais de 13
milhões de empregos. Desta maneira vejo a classe mais esclarecida da sociedade
sentar de braços cruzados, convicta de que o melhor é esperar. Esperar o quê?
Quando pergunto para a pobre gente do povo que encontro por
aí se não acha que a prisão de alguns figurões prova que o Brasil mudou, de
plano ela rebate: e o senhor acha que os graúdos vão ficar presos, por muito
tempo, como os pobres ficam e em celas abarrotadas, comendo “quentinhas”
azedas? Acha mesmo? “Em breve estarão de volta para gastar o muito que
roubaram.” Arrematando acrescenta: “veja o caso de um ex Deputado condenado no
“Mensalão” e posto em liberdade para viver com os milhões que roubou e que tem
prestígio para indicar a filha para o cargo de Ministro do governo atual.”.
A aflição que me domina a alma, a dor diante de nossas
legiões de desvalidos e o desespero que me invade em face da intransponível
sensação de impotência, assolam meu espírito que, desassossegado, busca, na
história do mundo, a solução para a libertação de nossa gente.
Aí o pensamento voa e me pego desejando a todos que nos
causaram tanto dano que, por exemplo, padeçam sob algo semelhante às 10 pragas
bíblicas com as quais sofreu o Faraó e sua gente, quando o Deus de Israel
humilhou os deuses egípcios, até que seu povo caminhasse liberto para as terras
de Canaã (Êxodo 12.12). Menos eles não merecem. Já disse aqui mais de uma vez:
“se aquela gente tivesse que pagar com a vida o mal que fizeram ao Brasil,
ainda seria pouco”.
Assim como o Nilo se transformou em sangue punindo o
governo opressor, auguro que os vermes da vida pública, que abandonaram nossa
população nas mãos de sanguinários assassinos do narcotráfico, sejam
atormentados noite e dia pela visão delirante do sangue dos inocentes
trucidados nos guetos, nas favelas e nas palafitas do País.
Tal como ocorreu no caso das pragas de répteis, de
parasitas e de insetos que, humilhando os deuses egípcios, destruíram os bens e
as riquezas acumuladas pelos dominadores à custa do sangue e do suor do povo
hebreu espero que os príncipes e os mandarins da máquina pública e os chupins
do erário, habituados a receber seus gordos proventos antes mesmo qualquer um,
experimentem igual miséria e pobreza que impuseram aos quase 20 milhões de
brasileiros, atingidos pelo desemprego.
Da mesma forma que o povo do Nilo viu seus primogênitos
morrerem e com eles os primeiros filhos dos seus animais, por causa do muito
que mantiveram os judeus escravos de seu poder e ganância, até temo quando a
hora do acerto de contas chegar pelo que pode vir a ocorrer com essa horda de
políticos ladrões que transformaram os hospitais públicos, com suas filas de
pedintes ou mendicantes, em verdadeiras câmaras de sofrimento e de morte.
Quem sabe se a indigência e a escuridão infringidas ao povo
dominador, que por três dias desafiou o poder de Rá (o grande deus sol do
Egito) também chegarão para os poderosos e para as sanguessugas da riqueza
nacional, despindo-os de suas pompas e fausto até que experimentem a vida
sofrida que trouxeram para a gente brasileira!
Os tempos de hoje se revestem de uma aura e de uma
realidade bem diversas das dos povos antigos, mas quando se trata de falta de
liberdade ou do essencial para prover a própria mantença, o homem reagiu sempre
da mesma forma e com igual intensidade. Quando tudo falta é ao seu Deus que
suplica, porque mesmo sem mais coisa alguma o mal nunca foi bastante para
arrancar sua fé e sua esperança.
Depois de tudo o que essa Nação descobriu em relação aos
crimes praticados contra o povo, não posso admitir que, de uma forma ou de
outra, todos os responsáveis – todos sem exceção - deixem de ser punidos e,
enquanto espero impotente tal como exaurido e triste aguarda o homem comum,
rogo ao Todo Poderoso, como um dia suplicou o poeta dos escravos, Castro Alves:
“Dizei-me vós, Senhor Deus! (se é possível haver) Tanto horror perante os
céus?”
Jose Mauricio de Barcellos, ex-Consultor Jurídico da
CPRM-MME, é advogado.
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