Por Agência Brasil
Nos últimos oito anos, mais de 34,2 mil leitos de
internação da rede pública foram desativados. Em maio de 2010, o Brasil tinha
336 mil leitos para uso exclusivo do Sistema Único de Saúde (SUS), número que
caiu para 301 mil em 2018, o que representa uma média de 12 leitos fechados por
dia ao longo do período analisado. Entre as capitais, Rio de Janeiro teve a
maior perda de leitos na rede pública (-4.095), seguida por Fortaleza (-904) e
Curitiba (-849).
Somente nos últimos dois anos, mais de 8 mil unidades foram
desativadas. O levantamento foi feito pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) a
partir de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério
da Saúde.
As especialidades com a maior quantidade de leitos
fechados, em nível nacional, são psiquiatria, pediatria cirúrgica, obstetrícia
e cirurgia geral.
Para o presidente do CFM, Carlos Vital, o fechamento de
leitos aponta para má gestão das verbas do SUS. “A redução de leitos significa
a diminuição de acesso a 150 milhões de brasileiros que recorrem ao SUS para
atenção a saúde. Sem leitos de internação não há como o profissional médico
prestar os seus cuidados ao paciente. Não podemos aceitar que pessoas deixem de
ser atendidas por causa de leitos simples de internação”, afirmou.
O CFM pretende encaminhar o levantamento para
parlamentares, Ministério Público Federal e Tribunal de Contas da União.
Regiões
Os dados mostram queda dos leitos em 22 estados e 18
capitais. A Região Sudeste apresentou a maior redução de leitos, com o
fechamento de quase 21,5 mil em oito anos – o representa uma queda de 16% em relação
ao número de leitos existentes na região em 2010. Só no estado do Rio de
Janeiro, por exemplo, 9.569 leitos foram desativados desde 2010. Na sequência,
aparecem São Paulo (-7.325 leitos) e Minas Gerais (-4.244).
Nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, a diminuição foi de
cerca de 10% dos leitos no período apurado, com saldo negativo de 2.419 e
8.469, respectivamente. O Sul foi a região com a menor redução, tanto em
números absolutos – menos 2.090 unidades -, quanto em proporção (-4%). Já no
Norte, houve crescimento de 1%, com 184 leitos a mais.
Apenas cinco estados apresentaram números positivos:
Rondônia (629), Mato Grosso (473), Tocantins (231), Roraima (199) e Amapá
(103).
Capitais
Entre as capitais, Rio de Janeiro teve a maior perda de
leitos na rede pública (-4.095), seguida por Fortaleza (-904) e Curitiba
(-849). Nove delas – Belém, Boa Vista, Cuiabá, Macapá, Palmas, Porto Velho,
Recife, Salvador e São Luís – conseguiram elevar o indicador.
Outra constatação é que enquanto a rede pública teve 10%
dos leitos fechados desde 2010 (34,2 mil), as redes suplementar e privada
aumentaram em 9% (12 mil) o número de leitos em oito anos. Conforme o
levantamento, os leitos privados cresceram em 21 estados até maio de 2018.
Apenas Rio de Janeiro e Maranhão sofreram decréscimos: 1.172 e 459 leitos.
De acordo com o relatório de Estatísticas de Saúde Mundiais
da OMS de 2014 – o último dado disponível –, o Brasil tinha 23 leitos
hospitalares (públicos e privados) para cada grupo de dez mil habitantes. A
taxa era equivalente à média das Américas, mas inferior à média mundial (27) ou
às taxas apuradas, por exemplo, no Reino Unido (29), na (47), Espanha (31) e
França (64).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.