Hélcio Silva
(08 / 09 / 2018)
No dia 8 de setembro de 1612 era fundada a cidade de São
Luís!
Acordei de olhos secos, mas ainda li algo sobre França
Equinocial e Quando a violência muda os rumos da política...
Primeiramente, neste 8 de setembro, leio Pedro Gomes
lembrando nossa quase “francesinha equinocial”. Antes das oito, sentei-me no
banco da praça cultural Euges Lima, historiador consagrado que vive a cultura do
saber!
Li nas páginas do Euges o artigo de Márcia Pinna Raspanti:
Quando a violência muda os rumos da política
Por Márcia Pinna Raspanti.
Atos violentos
sempre marcaram nossa vida política: atentados, assassinatos, execuções,
suicídios. Em meio a uma campanha eleitoral conturbada, nos lembramos de alguns
períodos da nossa história em que tais acontecimentos mudaram totalmente os
rumos do país.
João
Pessoa era sobrinho de Epitácio Pessoa, que ocupou a presidência da república
de 1919 a 1922. Em 1929, quando era presidente da Paraíba, João Pessoa aceitou
convite para ser o candidato a vice-presidente na chapa oposicionista da Aliança
Liberal, articulada pelos estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul e
encabeçada pelo gaúcho Getúlio Vargas. No governo estadual, Pessoa enfrentou
várias rebeliões e revoltas, muitas vezes, promovidas por seus opositores.
Para
combater os focos de oposição, Pessoa ordenou que a polícia paraibana invadisse
escritórios e residências de pessoas suspeitas de ter vínculos com os aos
rebeldes. Numa dessas invasões – na residência de João Dantas, ligado ao
Partido Republicano Paulista -, foram encontradas cartas íntimas trocadas entre
Dantas e sua amante, a jovem poeta Anaíde Beiriz. As cartas foram publicadas
pela imprensa alinhada ao governo estadual, causando grande escândalo na
sociedade paraibana. Dias depois, em viajem ao Recife, João Pessoa foi
assassinado com dois tiros desferidos por João Dantas em uma confeitaria da
capital pernambucana. Divergências políticas e questões amorosas levaram ao
crime.
A sua
morte foi amplamente usada para fins políticos. Se a Aliança Liberal e as chapas
de oposição ao governo central tinham perdido as esperanças com os resultados
das últimas eleições, a morte de João Pessoa serviu para reacender as
esperanças de uma mudança de rumos na política e uma virada em favor dos
aliancistas. “Morto, ele se torna um personagem político perfeito, para
conduzir a vontade da população que clamava por novos mártires que pudessem
encaminhar suas esperanças de mudanças na realidade política do país. E, o
Diário de Pernambuco, soube mais do que outros jornais canalizar imediatamente
a notícia do assassinato de João Pessoa para a construção de um mito político
que moveria vontades e canalizaria reações”, nos conta a historiadora Giselda
Brito Silva (1) .
Os
líderes da Aliança Liberal trasladaram o corpo para o Rio de Janeiro, onde foi
enterrado em meio a grande manifestação popular. O clima de comoção contribuiu
para que os preparativos revolucionários se acelerassem, resultando na
deposição de Washington Luís, em outubro, e na ascensão de Getúlio Vargas ao poder,
no mês seguinte, na chamada Revolução de 30. Vargas governaria até 1945,
instaurando o Estado Novo em 1937.
O antigo
ditador, entretanto, voltaria ao poder, por meio de eleições. Em outubro de
1950, os brasileiros garantiram sua vitória com 48% dos votos válidos. Ele
retornava “nos braços do povo”, mas seu governo enfrentou forte resistência.
Pouco tempo depois da eleição, a oposição, que reunia membros da UDN, do
Exército e de setores conservadores da sociedade, queria derrubar o presidente,
faltava, apenas, um pretexto. E ele veio.
Em
Copacabana, na madrugada de 5 de agosto de 1954, dois pistoleiros tentaram
matar o jornalista Carlos Lacerda, um dos mais ruidosos opositores de Vargas.
Também um dos maiores inimigos dos comunistas, de quem já fora aliado, Lacerda,
à frente de seu jornal Tribuna da Imprensa, desferia as piores ofensivas ao governo.
Auxiliado pelo rádio e a televisão, conclamava incessantemente as Forças
Armadas para que restabelecessem a democracia no Brasil. Mais uma vez Lacerda
usou a folha de sua propriedade, para atacar, declarando: “Perante Deus, acuso
um só homem como responsável por esse crime. Este homem chama-se Getúlio
Vargas”.
O
atentado feriu levemente Lacerda, mas matou o major da Aeronáutica, Rubens Vaz
que o acompanhava. “Este tiro é uma punhalada em minhas costas” retrucou
Vargas, ao saber do atentado. A revelia do Ministério da Justiça, a Aeronáutica
resolveu elucidar o crime e em 29 horas, prendeu todos os culpados. Ficou claro
o envolvimento de funcionários do palácio do Catete e que o mandante do crime
era Gregório Fortunato, chefe da guarda pessoal do presidente. (2)
O
episódio gerou uma grande crise política que, em particular com os militares,
tornou a situação de Vargas insustentável. Havia forte pressão para que ele
renunciasse. No dia 24 de agosto, em meio a um cenário turbulento, o presidente
se suicidou com um tiro no coração.
Texto de Márcia Pinna Raspanti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.