Certificado que garante repasses federais não será renovado
por causa de irregularidades na previdência dos servidores.
A Prefeitura de Curitiba pode ficar sem o repasse de verbas
do governo federal a partir do dia 19 de fevereiro. O município não conseguirá
renovar o Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP) por causa da
retirada ilegal dos R$ 700 milhões do Instituto de Previdência dos Servidores
do Município de Curitiba (IPMC) e das demais irregularidades descobertas na
auditoria realizada em dezembro de 2017, após denúncia impulsionada pelos
sindicatos.
O que é CRP?
É um certificado emitido anualmente pela Secretaria de
Previdência do Ministério da Fazenda para os estados e munícipios que
administram corretamente o regime de previdência dos servidores públicos.
O documento é exigido para a transferência de recursos
federais, para a concessão de empréstimos e até para a assinatura de acordos e
convênios com a União. As verbas da educação, saúde e assistência social são as
únicas que são transferidas mesmo sem o CRP.
A Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda, órgão
responsável pela auditoria, analisou os pedidos de recurso apresentados pela
administração e decidiu suspender a emissão do CRP até que a Prefeitura corrija
as irregularidades apontadas.
Sem o documento, Curitiba fica com o “nome sujo” no
cadastro do governo federal e não poderá receber recursos de transferências ou
de empréstimos, nem assinar novos convênios com a União.
O processo administrativo já foi encerrado e a Prefeitura
não tem como recorrer da decisão. Entretanto, a gestão Greca pode tentar reaver
o CRP judicialmente, através de uma liminar, como ocorreu no ano passado.
Greca deve devolver o que pegou ilegalmente
A suspensão do CRP e a decisão da Secretaria da Previdência
fortalecem nossa luta para cobrar que a Prefeitura devolva todos os recursos
retirados ilegalmente do IPMC. Além de cobrar que conselhos fiscal e
administrativo do IPMC tomem providências para recuperar o dinheiro, os
sindicatos também estão em contato com o Ministério Público. O órgão abriu uma
investigação após denúncia feita pelos sindicatos em julho de 2017.
ENTENDA AS IRREGULARIDADES:
>> Retirada dos 700 milhões
A compensação dos 700 milhões desobedeceu às normas e
orientações da Secretaria de Previdência. Além disso, foi feita apesar do IPMC
apresentar um déficit atuarial, o que desrespeita o princípio do equilíbrio
financeiro e atuaria garantido no artigo 40 da Constituição Federal.
>> Retroatividade e redução dos aportes
Ao mexer nos aportes do plano de equacionamento do déficit,
previstos na Lei 12.821/2008, a Prefeitura cometeu, ao menos, duas
irregularidades. A primeira diz respeito ao caráter retroativo da Lei Municipal
nº 15.042/2017, que, apesar de ter sido aprovada em junho, teria efeito legal
desde janeiro de 2017. A decisão do processo aponta que esse efeito retroativo
não encontra respaldo no arcabouço jurídico nacional e reafirma que o IPMC tem
direito de receber as parcelas anteriores à edição da Lei.
A segunda irregularidade diz respeito à redução de cerca de
R$ 360 milhões por ano no valor dos aportes previstos no novo plano de custeio,
além da ampliação em oito anos do prazo para pagamento. Essa ampliação foi a
principal irregularidade que fez com que Curitiba tivesse o CRP suspenso no ano
passado, quando o Certificado foi retomado por via judicial.
A Prefeitura e a direção do IPMC foram previamente
alertadas sobre a irregularidade dessa mudança, que desrespeita também o
princípio do equilíbrio financeiro e atuarial.
>> Devolução da Taxa de Administração
O IPMC devolveu anualmente para a Prefeitura a parcela não
utilizada da Taxa de Administração, que garante o funcionamento e manutenção do
Instituto. Segundo a decisão do processo, essa devolução é irregular e as
eventuais sobras devem compor o patrimônio usado para pagar as aposentadorias
dos servidores.
>> Duas unidades gestoras responsáveis pelo orçamento
do regime de previdência
A última irregularidade descoberta na auditoria é a única
que a Prefeitura se mexeu para corrigir. A extinção do Fundo Municipal
Provisional de Previdência (FMPP), aprovada na Câmara Municipal em dezembro de
2018, busca unificar as duas unidades gestoras responsáveis pelo orçamento do
regime de previdência.
A decisão da Secretaria de Previdência manteve a condenação
dessa irregularidade por entender que a Prefeitura teve mais de um ano para
fazer a adequação que ainda não havia sido concluída.
Imprensa SISMUC e SISMMAC
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