O saneamento raramente tem sido bandeira de boa parte da
classe política, talvez porque essa área da infraestrutura seja mais ou menos
invisível aos olhos da população e não possa se tornar uma propaganda
monumental como tem ocorrido com novos viadutos, pontes, túneis, estradas e
outras obras civis, que por sinal, também são bastante necessárias, na maior
parte das vezes. Para muitos legisladores ou mandatários, o saneamento pode significar
apenas uma placa com um punhado de números, já que um bom número de obras se
esconde debaixo do chão. É como um iceberg onde se enxerga apenas sua ponta
singela, quando o grosso de muitos projetos está encravado nas profundezas do
subsolo.
É muito triste saber que mais de 100 milhões de brasileiros
ainda usam paliativos para eliminar seus dejetos domésticos. Para isso,
empregam há séculos como alternativas a fossa sanitária ou esgoto direcionado
para os rios, que vale ressaltar, nas grandes cidades, em sua maior parte estão
mortos. Desde a sanção da Lei 11.445 (Lei do Saneamento Básico) em 2007 até o
ano passado, o crescimento das redes de esgotos foi desolador, acendendo apenas
8,3 pontos percentuais, ou seja, de 42% da população chegou-se a tão-somente
50,3% dela, o que na prática significa pouco mais da sua metade. O índice de
esgoto tratado, por sua vez, subiu de 32,5% para 42,7% no mesmo período, ou
seja, 10,2 pontos percentuais. Uma evolução muita tímida para quem tem a
pretensão de ser um Estado desenvolvido e provedor de saúde.
No caso do abastecimento de água os números são melhores,
mas também não chegam a ser absolutamente animadores, pelo contrário. Em oito
anos, houve um aumento de apenas 2,4 pontos percentuais, partindo de 80,9% em
2007 para 83,3%, em 2015.
No período entre 2007 e 2015, duas regiões puderam ilustrar
o problema por outro ângulo. A região
Sudeste, por exemplo, apresentou os melhores indicadores, tendo sua população
assistida em água (91%), tratamento de esgoto (47,4%) e esgoto (77,2%). Por
outro lado, a região Norte, demonstrou os menores indicadores. Somente 56,9%
dos seus moradores têm acesso à cobertura de água; 16,4% são beneficiados pelo
tratamento de esgoto e somente 8,7% deles têm efetivamente esgotos.
Em razão da complexidade maior das cidades brasileiras, há
uma demanda por novas medidas e instrumentos, bem como da escolha precisa de
tecnologias, que melhorem os índices de desempenho, por exemplo, em estações de
tratamento. A Ecosan, líder em soluções e integradora em tratamento de águas e
esgotos, desenvolveu um estudo das condições de formação de controle de
compostos químicos e ácidos para diferentes técnicas de tratamento da água.
Por meio dessa pesquisa científica, optou-se por um
tratamento avançado pelo qual trabalha com processo de absorção, coagulação
oxidativa e desinfecção controlada em tempo real, para evitar a formação de
orgânicos clorados na própria estação. Em outras palavras, a tecnologia impede
a formação de compostos químicos orgânicos que contém carbono e flúor no
próprio tratamento e na distribuição da água. Essa nova possibilidade de ação
procura criar um macroambiente saudável, conhecido tecnicamente como ‘higidez
ambiental’, que age por intermédio do abastecimento de água potável, coleta e
disposição de resíduos sólidos, controle de líquidos e gasosos, promoção da
disciplina sanitária de uso do solo, drenagem urbana, do controle de doenças
transmissíveis e outros serviços e obras especializadas neste contexto. O
objetivo seria essencialmente proteger e melhorar as condições de vida urbana e
rural.
Há outras tecnologias sanitárias disponíveis também em
progresso como os métodos de dessalinização e reuso da água. Atualmente as
regiões metropolitanas já estão sofrendo com escassez de água, gerada pela
disputa do recurso natural entre casas, indústrias e propriedades rurais. Sem
falar, que muitas fontes de água estão degradas. Para a coleta e reuso local de
água, o sistema de membranas para tratamento da água, por exemplo, tem se
mostrado bastante viável e acessível. Nas últimas décadas, a tecnologia em
razão das exigências ambientais ganha força. A dessalinização tem mostrado sua
importância nesse momento, porque até 2025, estima-se que haverá escassez
‘econômica’ de água em quase toda a América Latina, inclusive no Brasil.
* André Telles, presidente executivo da Ecosan Soluções e
Equipamentos ambientais e vice-presidente do SINDESAM - Sistema Nacional das
Indústrias de Equipamentos para Saneamento Básico e Ambiental
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