(*) João Melo e Sousa Bentivi (**)
Vivemos o paraíso da democracia e a democracia é tanta que se torna um exercício perigoso o simples fato de questioná-la. E parece que chegamos ao paroxismo democrático: É PROIBIDO DUVIDAR.
Mas irei duvidar e, por segurança duvidarei de um sujeito, sobre o qual pode-se dizer tudo, desde as coisas mais escabrosas e aviltantes. Vou duvidar de um tal Jair Bolsonaro.
Inicialmente, tenho motivos para ficar puto com ele, apesar de ter votado nele. Poderia chamá-lo de ingrato, mal-educado ou coisa lá, que o valha. E conto.
Antes do cabra ser presidente, um sujeito sem juízo já escrevia a seu favor: eu. Em uma de suas visitas a São Luís, lá pelas bandas da BR, entreguei um presente, em mãos, para ele. Explico.
Separei entre dezenas, quase 50 escritos sobre ele, entre crônicas e poesias e dei um título para a obra: BOILSONARO NA VISÃO DE UM SIMPLES OBSERVADOR. Recebeu e nada aconteceu. Claro que ele não teria tempo de ler, mas a assessoria poderia pelo menos me enganar e mandar um zap de agradecimento. A mentira e hipocrisia fazem parte do gênero humano. Resultado: nunca publicarei a droga desse livro!
Mas vamos para a minha dúvida: que Bolsonaro emergirá, a partir de 02.01.23?
Vejo somente duas hipóteses e discorrerei sobre elas.
Caso o Bolsonaro, do dia 02.01.23, seja o mesmo Bolsonaro que discursa sobre viver dentro de umas tais 4 linhas, que aceitou a desmoralização de não nomear um auxiliar burocrata, que teve uma reunião ministerial devassada, que viu amigos sendo presos, jornalistas desmonetizados, redes sociais, inclusive dele próprio, censuradas, etc. etc. etc.
Esse Bolsonaro, no dia 02.01.23 será acordado pela PF para responder, não a um, mas a dezenas de inquéritos, à moda Daniel Silveira...
Após esse momento a rede é vasta, mas alguns serão mais facilmente brindados: Paulo Guedes, Zambelli, Kicis, Malta, Otoni de Paula, Malafaia, Macedo, Valdomiro...
Algum bolsonarista poderá estar em ódio comigo, recomendo ter bom senso. Bolsonaro indiciado aplainará tudo e diminuirá qualquer contencioso para os novos dirigentes do Brasil. A lição será de fácil aprendizado: se um ex-presidente está em apuros, qualquer outra pessoa que não se comportar estará em maiores dificuldades. Simples assim.
Agora um alento para os bolsonaristas, parte deles, há mais de um mês, estão nas ruas, em sonhos e êxtases. A única maneira de alguma coisa ser diferente não sei se será exequível. Lá pelos idos de 1989, um jovem capitão do exército adentrou na carreira política e se elegeu vereador, pelo Rio de Janeiro. Dizia-se, à época, que esse vereador usava uma caneta BIC.
A dúvida atroz é se esse vereador ainda existe e se tem a tal caneta BIC. Pelo visto, até agora, estão faltando ou dois ou um desses elementos citados.
(*) Médico otorrinolaringologista, legista, jornalista, advogado, professor universitário, músico, poeta, escritor e doutor em Administração, pela Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.
(**) Pode ser reproduzido, sem a anuência do autor, em qualquer plataforma de comunicação.
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