sexta-feira, 16 de agosto de 2024

"Rússia desmoralizada com invasão ucraniana" - artigo de Ney Lopes, jornalista, escritor, ex-deputado federal

Análise:"Rússia desmoralizada com invasão ucraniana"

16 Agosto 2024




Ney Lopes*

Putin está irritadíssimo.

Promete ataques em massa a Kiev.

Porém, a realidade é que os russos estão perdendo espaço para os ucranianos. O país está chocado com a primeira incursão militar estrangeira no seu território desde 1945.

A ofensiva ucraniana na região de Kursk levou à maior evacuação de civis russos, desde a Segunda Guerra Chechena, totalizando 195 mil pessoas.

As tropas russas estão dispersas, confusas e desmoralizadas.

Os ucranianos conquistaram 28 povoados, depois de avançar 12 km dentro do território russo, numa amplitude de 40 km.

A área ocupada inclui o terminal de Sudza, que transporta gás natural para a União Europeia.

As negociações entre Ucrânia e Rússia parecem distantes, mas um dia acontecerão.

E iniciá-los com o controle de parte da região de Kursk fortalece a posição da Ucrânia.

Nas negociações valerão mais do que qualquer coisa que Putin tenha conseguido conquistar e reivindicar para o seu próprio país.

Desde que o lado ucraniano não cometa erros estúpidos e dispendiosos, o exército russo, no seu estado atual, precisará de pelo menos um ano para retomar estes territórios fronteiriços, e ao custo de perdas consideráveis. Um fato que pode apressar o fim da guerra.

O risco é que Moscou pode preparar a sua habitual reação às derrotas militares: atacar indiscriminadamente o território ucraniano, incluindo alvos civis, com todo o arsenal disponível.

Desta vez também, Putin talvez não hesite.

Ele poderá tentar salvar a face, após essa derrota. Mas está enfraquecido.

Como bem apontou o oponente Leonid Gozman, “um czar incapaz de defender o seu território, não pode permanecer no trono”

Os “bastidores” da troca de prisioneiros

Já analisamos a recente “troca” de 26 prisioneiros de guerra, que envolveu Estados Unidos, Alemanha, Polônia, Eslovênia, Noruega, Bielorrússia e Rússia.  Surgem agora novos fatos nos “bastidores”, acerca de uma negociação dramática, que durante mais de um ano envolveu sigilo e sangue frio, diante das idas e vindas do governo russo nos diálogos com a CIA, o Departamento de Estado e a Casa Branca. Além desses, participaram vários governos aliados, graças, em particular, a um canal de comunicação específico estabelecido pelos presidentes Joe Biden e Vladimir Putin durante encontro em Genebra, em junho de 2021.

A “amizade” elogiada por Joe Biden, que favoreceu o acordo, não se dirige à Rússia, mas aos países europeus, sobretudo à Alemanha, mas também à Noruega, à Polônia e à Eslovênia, que colaboraram neste esforço.

 Muito cedo nas negociações, parecia que o único interesse de Moscou era Vadim Krassikov, um agente russo condenado à prisão perpétua na Alemanha pelo assassinato de um opositor checheno em Berlim em 2019, na praça pública, com tiros na cabeça, e a quem Putin prestou homenagem publicamente. Sob protestos da Alemanha, ele foi incluído no grupo beneficiado.

Hoje, a diferença com a época da Guerra Fria diz respeito ao que se tornou uma prática detestável, que regimes como a Rússia e o Irã adoram “a diplomacia de reféns”. Qualquer estrangeiro que viva hoje nesses países corre o risco de ser preso para servir de “refém” numa longa negociação.

Devemos regozijar-nos com a liberdade recuperada de pessoas injustamente detidas, mas não nos enganemos quanto às motivações de Moscou: não estamos no alvorecer de uma nova distensão. Pelo contrário, a índole de Putin é endurecer.

Hoje na história

Dia do filósofo

1852 – Fundação de Teresina, capital do Piauí.

1995 – É lançado o navegador Internet Explorer, da Microsoft

No dia 16 de agosto de 2008, em Pequim, o nadador brasileiro César Cielo conquistava a primeira medalha de ouro do Brasil em uma prova olímpica de natação.

Idi Amin, cujos oito anos como presidente do Uganda foram caracterizados por um comportamento assassino, morreu na Arábia Saudita.

*Ney Lopes é jornalista, escritor, ex-deputado federal


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