quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Estruturas sociais - artigo de Dom Paulo Mendes Peixoto*


Estruturas sociais

Dom Paulo Mendes Peixoto*

12 / 02 / 2025

Devemos saber entender, dentro de uma visão sociológica, que as estruturas sociais são as formas da sociedade, naturalmente, se organizar. Esse fato é fruto de relações, complexas ou não, entre as pessoas na sociedade, podendo formar grupos sociais, às vezes, com papéis específicos de ação. Em muitas situações, o foco iluminador dessas relações tem como projeto a estrutura econômica.

Nas articulações sociais comunitárias, construindo a história da comunidade, o projeto de Deus não pode ser descartado. Não faz bem confiar apenas nas forças humanas querendo superar todos os contravalores presentes no mundo intolerante. É fundamental apoiar-se na prática da fé, da justiça e da esperança, isto é, na força divina, para construir estruturas robustas, que favoreçam o bem de todos.

Existe hoje uma profunda carência de compaixão entre os indivíduos, porque tudo toca na razão e despreza as iniciativas do coração. Na maneira de entender do Papa Francisco, o mundo perdeu as motivações do coração humano, fazendo com que as pessoas sejam autossuficientes e detentoras da violência, sem o sentimento do coração. São as guerras, os assassinatos, o feminicídio etc.

A sociedade enfrenta grandes desafios para criar vitalidade e confiança nas estruturas sociais, porque depende de segurança, de estabilidade e, mais ainda, a superação do individualismo. Mas o caminho se faz através do diálogo, da negociação, porque é muito grande a diversidade e as formas de agir das pessoas, e muitas delas com práticas que não condizem com os objetivos da estrutura social.

Deve também ser incluída, no campo das estruturas sociais, após superadas as barreiras de origem étnica, social e econômica, a dimensão da esperança eterna, daquilo que vai além dos fatos meramente humanos e terrestres. O apóstolo Paulo de Tarso cita a palavra ressurreição como fruto conquistado nos valores da justiça, do amor e de fidelidade ao projeto do Deus da vida.

Em todos os tempos, as estruturas sociais dependem muito de atuação das políticas públicas. No tempo de Jesus, o poder que tinha estava concentrado em suas palavras. Ele mudou o perfil social com o Evangelho das Bem-Aventuranças, fazendo uma política de acolhida às pessoas mais sofridas, porque a vida de todas elas é sagrada, e não podem ser excluídas dos projetos sociais.

*Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo Metropolitano de Uberaba


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