quarta-feira, 19 de março de 2025

“Líderes” populistas jogam de acordo com a “torcida organizada” - Por Simplicio Araújo


“Líderes” populistas jogam de acordo com a “torcida organizada”

Por Simplicio Araújo

Muita gente tenta entender por que o populismo, especialmente o de extrema direita, está crescendo tanto no Brasil e no mundo. Mas, esse fenômeno não é novo. O que muda é a roupagem, a narrativa e a forma como cada líder vende sua história para o povo.

A base do populismo é sempre a mesma: dividir a sociedade entre “o povo de verdade” e uma “elite corrupta”. O líder populista se apresenta como o único defensor do povo contra essa elite e usa um discurso carregado de emoção para se conectar com os eleitores. Mas quem é esse povo? Depende de quem está falando.

O Populismo de Esquerda: Os pobres contra os ricos, esse é o modelo clássico, muito usado por líderes de esquerda ao longo da história. Aqui, o “povo” é formado pelos trabalhadores, pelos pobres, pelos marginalizados – os explorados pelo sistema. A elite vilã são os empresários, os banqueiros, os donos do capital. O líder populista se apresenta como a única esperança dessa gente contra o poder econômico e promete justiça social, distribuição de renda e combate à desigualdade.

O Populismo Nacionalista e Conservador: O Povo contra os traidores da pátria, esse modelo, típico da extrema direita, foca menos na questão econômica e mais na identidade cultural. O “povo de verdade” é aquele que compartilha os valores tradicionais e a história da nação. O inimigo aqui não são necessariamente os ricos, mas a elite política e intelectual, acusada de trair a pátria ao defender imigrantes, minorias, gênero e pautas progressistas. O discurso desse tipo de populista é carregado de patriotismo, religião e moral conservadora.

O Populismo Ultracapitalista: O Trabalhador contra o estado, essa é a versão mais recente do populismo, adotada por figuras como Donald Trump e Javier Milei.

Diferente dos dois modelos anteriores, esse populismo não divide a sociedade entre ricos e pobres ou entre patriotas e traidores. Aqui, o povo é formado pelos “cidadãos de bem”, aqueles que trabalham duro, inovam e geram riqueza, enquanto a elite maligna é representada pela “casta política” e pelos “parasitas” que vivem de assistencialismo. Esse tipo de populista diz que o Estado atrapalha a vida das pessoas, cobra impostos demais e beneficia vagabundos em vez de premiar quem se esforça.

O Paradoxo do Populismo ultraliberal é que, apesar de defender um Estado mínimo, seus líderes não hesitam em usar as mesmas armas dos populistas tradicionais: atacam as elites, se apresentam como outsiders, mobilizam o povo com discursos inflamados e criam um clima de guerra cultural para manter sua base sempre engajada.

No fim das contas, todos os populistas seguem o mesmo roteiro. Cada um escolhe um vilão para atacar, um povo para defender e um sistema para destruir. Eles se vendem como a única voz legítima das massas e fazem de tudo para monopolizar a esperança dos eleitores. A diferença entre eles está no tipo de inimigo que escolhem e na promessa que fazem. Mas a fórmula é sempre a mesma.


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