A cura real
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Quando haviam aflorado as primeiras manchas roxas na pele, ele percebera decretada a sua sentença de morte.
Perdera a família, o lar, os amigos, tudo. Deveria viver distante de todos, como se fosse um foragido. Assim o exigia a lei.
Por isso, vivia em profunda aflição.
Como podemos aquilatar a dor de quem é considerado morto para os seus, para a sua comunidade, tendo seu nome riscado do Livro dos Vivos?
Entre dores, recordava seus sofrimentos: as pedras que lhe atiravam, a proibição de entrar na cidade, a solidão, a fome...
Naquele dia, ele vira o Rabi descendo a montanha. E a multidão com Ele.
Ansiando por tornar a ser considerado vivo, ele se enche de coragem, alcança o Mestre e lhe pede: Senhor, se tu quiseres, bem podes limpar-me!
Ao narrar o fato, os evangelistas Mateus, Marcos e Lucas não lhe citam o nome. É apenas o leproso.
Jesus, condoído da sua angústia, diz: Quero, sê limpo!
Então, aquele homem sente a transformação. O corpo, antes coberto de chagas e podridão, torna-se sem mácula.
Tudo acontecera tão rápido. Lança-se ao solo e, com dificuldade, mal consegue indagar:
Que queres que eu faça?
A multidão se acerca, espantada, constatando a cura. E Jesus o orienta a apresentar-se no templo, conforme determinava a lei de Moisés.
Era preciso que seu nome tornasse a figurar no livro dos homens.
Recomenda, ainda, que não fizesse alarde do ocorrido, pois sabia que a verdade, como o sal, precisa da dose certa, diluindo-se no alimento, para ser identificado por todos.
Ademais, Ele viera para curar as almas, não os corpos.
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Nas curas realizadas por Jesus, constatamos que sempre há uma recomendação ao beneficiado.
Atento à lei vigente, quando a recuperação da saúde física exigia, o Mestre prescrevia a apresentação aos sacerdotes.
De outras, recomendava que a criatura reformulasse seu agir, seu pensar, para evitar que algo pior viesse a alcançá-la.
Dessa maneira, deixava claro que as doenças do corpo são o reflexo da nossa imperfeição moral.
A cura de qualquer enfermidade, para ser verdadeira e perene, deve acontecer de dentro para fora.
O convite se faz a todos nós. As dificuldades, as dores, a enfermidade que hoje nos acometem são resultantes de um equivocado passado recente ou remoto.
Bem estabeleceu Jesus que a cada um seria dado segundo as suas obras.
Dessa maneira, a cura que devemos buscar é a da alma, eliminando nossos defeitos, reformando o nosso comportamento.
Esse é um trabalho lento, de perseverança, de continuidade, que nos deverá assegurar melhores condições de vida para o futuro próximo ou longínquo.
Cada coração é responsável pelas sementes que recolhe.
O sol das oportunidades ilumina tanto o pântano em podridão quanto a terra fértil, oferecendo a todos a bênção da transformação.
A opção de fruir da oportunidade é decisão pessoal e intransferível.
Enquanto as gemas dos minutos formam o colar dos dias, aproveitemos as horas para a construção do nosso amanhã de luz e paz.
Redação do Momento Espírita, com base no cap. 13, do livro Primícias do Reino, pelo Espírito Amélia Rodrigues, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. LEAL.
Em 5.4.2025
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