quinta-feira, 19 de junho de 2025

Violência sexual em conflitos


Violência sexual em conflitos afeta múltiplas gerações, diz líder da ONU


Unicef/Roger LeMoyn - As crianças podem representar até 45% dos quase 10 mil casos relatados de estupro e violência sexual no leste da República Democrática do Congo no início de 2025. (foto de arquivo)

19 Junho 2025 

Legislação e prevenção de crimes


Secretário-geral pede reforço da justiça para acabar com impunidade de agressores; sobreviventes carregam estigmas e traumas duradouros, que se estendem para descendentes; rejeição social e destruição de laços comunitários agravam quadro de sofrimento físico e psicológico.


Nesse Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflitos, o secretário-geral da ONU pede o fim da impunidade daqueles que cometem esse crime hediondo.

António Guterres afirmou que “a violência sexual é uma tática grotesca de guerra”, usada para brutalizar, torturar e reprimir.

“Cicatrizes em comunidades inteiras”

A data é observada todo 19 de junho. Este ano, o foco são as feridas intergeracionais profundas e duradouras, que se estendem para os descendentes dos sobreviventes.

O líder da ONU ressaltou que essa forma de agressão deixa “cicatrizes em corpos, mentes e comunidades inteiras”, que seguem vivas mesmo depois que os conflitos terminam.

Guterres disse que, com muita frequência, os agressores ficam livres, enquanto os sobreviventes carregam “o fardo insuportável do estigma e do trauma”.

Para o secretário-geral, quebrar este ciclo significa confrontar os horrores do passado, apoiar os sobreviventes e proteger as gerações futuras do mesmo destino.

Ele defendeu acesso seguro a serviços vitais, centrados nos sobreviventes, e a busca por justiça para responsabilizar os autores desse “crime desprezível”.


Unicef/Tess Ingram / Mais de 12 milhões de pessoas correm risco de violência sexual no Sudão

Rejeição social

A violência sexual relacionada a conflitos é um crime de guerra, um crime contra a humanidade e um ato que pode configurar genocídio segundo o direito internacional, representando ameaças à segurança individual e coletiva e dificultando a paz duradoura.

Seus impactos são abrangentes, causando traumas físicos e psicológicos, estigma e pobreza. Em algumas comunidades, os sobreviventes podem enfrentar o ostracismo, o que limita seu acesso a cuidados de saúde mental e apoio psicossocial.

Além disso, se uma gravidez resultar dessa violência, a consequência por ser mais grave levando a uma maior rejeição social de crianças nascidas nessas circunstâncias.

Essa forma de violência está frequentemente ligada a outras atrocidades de guerra, incluindo o sequestro e o recrutamento de indivíduos para grupos armados.

Medo de represálias

A violência sexual relacionada a conflitos também prejudica a coesão social, destruindo laços comunitários e deixando traumas de longo prazo nos sobreviventes e suas famílias.

Muitas vítimas permanecem em silêncio por medo de represálias, falta de apoio e pelo estigma imposto a elas, e não aos agressores.

A sede da ONU, em Nova Iorque, acolhe um evento para marcar a 11ª observância oficial do Dia Internacional para a Eliminação da Violência Sexual em Conflitos.

O encontro é coorganizado pelo Escritório da representante especial sobre Violência Sexual em Conflitos, Pramila Patten, o Escritório da Representante Especial para Crianças e Conflitos Armados, Virginia Gamba, e a Missão Permanente da Argentina nas Nações Unidas.


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