Carlos Chagas
Raras vezes se viu lambança pior, desde que o PT foi para o
poder, há mais de doze anos. Perderam todos, do vice Michel Temer, sem controle
do PMDB, a Eliseu Padilha, a viúva Porcina que foi sem nunca ter sido, a Ideli
Salvatti, sacrificada no altar da ingratidão, a Pepe Vargas, apunhalado pelas
costas, e a Eduardo Cunha e Renan Calheiros, ignorados olimpicamente pelo
palácio do Planalto. Agora,a mais prejudicada de todos foi a presidente Dilma
Rousseff, mais perdida do que cego em tiroteio.
Temer, hoje coordenador político, fica sem o escudo protetor
do palácio Jaburu, ou seja, despojado do argumento de que “quem manda é ela,
não tenho nada com isso”. Fará o quê quando os presidentes do Senado e da
Câmara desautorizarem o governo e persistirem na guerra de guerrilha contra a
presidente?
Eliseu Padilha foi para o espaço, voando mais alto do que os
aviões de carreira postos a seus cuidados. Aceitou o convite de Dilma para
mudar-se para o ministério de Relações Institucionais e foi obrigado a recusar
por ordem de Renan e Cunha. Imagine-se com que cara participou a rejeição.
Ideli Salvatti estava
posta em sossego no ministério dos Direitos Humanos, com planos que até iam
dando certo. Numa questão de minutos viu-se sem aviso prévio defenestrada. Não
recebeu sequer uma palavra de solidariedade do PT.
Já Pepe Vargas, coitado, por obra e graça do Lula, passou de
coordenador politico a primeira vítima de seu novo ministério, carente de
direitos humanos para protestar e rebelar-se contra injustiças. Quando
convidado para integrar o ministério do segundo mandato, recebeu da presidente
os maiores elogios por sua capacidade de coordenador. Em poucas semanas passou
a incompetente.
Não se sabe se os comandantes da Câmara e do Senado ficarão
verdes de raiva por terem lido pela imprensa que Michel Temes seria seu novo
interlocutor, ou, no reverso da medalha, exultaram pelo fato de Madame
haver-lhes fornecido mais um pretexto para continuarem sua rebelião.
O troféu de rainha da lambança, porém, vai para a presidente
Dilma. Depois de haver cedido à chantagem dos partidos e formado o pior de
todos os ministérios da história da República, patinou olimpicamente na
recomposição parcial da equipe, obrigada tornar-se neoliberal e a renegar as
promessas da recente campanha. Mais uma vez, mostrou subserviência ao
antecessor no trato da crise econômica ao assistir, inerte, o assalto aos
direitos trabalhistas. Sacrificou, como tem feito desde seu primeiro mandato,
auxiliares fiéis e sempre melhor preparados do que os substitutos. Com todo o
respeito, não sabe para onde vai.
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