quinta-feira, 21 de maio de 2015

Melhorias no Programa Mãe Curitibana reduzem mortalidade infantil


Quando uma gestação apresenta risco para a mãe ou o bebê, uma semana pode representar a diferença entre a vida e a morte. Por isso, desde 2013, garantir que gestantes de risco sejam atendidas com urgência tornou-se uma prioridade na rede municipal de saúde de Curitiba. Assim, o Programa Mãe Curitibana, que já era referência nacional e internacional, superou um desafio: o tempo de espera para consulta de risco gestacional, que chegava a demorar quatro meses no início de 2013.
Esta e outras melhorias adotadas no programa, como o aumento no número de consultas e exames feitos pelas gestantes, tiveram reflexo na redução de 20% no índice de mortalidade infantil em Curitiba no período de dois anos.
A cidade encerrou 2014 com o menor índice de mortalidade infantil da sua história: 7,7 óbitos para cada mil nascidos vivos. Entre as melhorias realizadas no Programa Mãe Curitibana que ajudam a explicar a queda estão a incorporação das novas diretrizes nacionais da Rede Cegonha, do Ministério da Saúde, e a implantação da Política Nacional de Atenção Obstetrícia e Neonatal.
A redução na demora da avaliação da de risco gestacional era um dos gargalos do programa, que foi criado no Sistema Único de Saúde (SUS) Curitiba em 1999 e viabilizou a formação de uma rede de assistência às gestantes e recém-nascidos, tornando-se referência para outras iniciativas no país e até mesmo no exterior. No entanto, a demora para avaliação de risco gestacional – que era feita diretamente nos hospitais – poderia colocar em risco a vida de mães e bebês.
Em janeiro de 2013, 763 mulheres aguardavam até quatro meses para passar pela avaliação de risco. Hoje, a fila de espera não existe mais e gestantes com suspeita de risco atendidas em qualquer uma das 109 unidades básicas de Curitiba são encaminhadas para a avaliação num prazo máximo de uma semana.
“Identificamos a necessidade de avaliar todas as gestantes da fila, com a máxima urgência”, destaca o secretário municipal de Saúde, Adriano Massuda. Desde 2013, o número de atendimentos às gestantes de risco aumentou 90%, com uma média de 17 consultas na rede pública ao longo da gestação.
Mais exames
A integração à Rede Cegonha assegurou outro avanço importante: ampliou o número de exames obrigatórios durante o pré-natal, como testes de HIV, sífilis e eletrodoferese de hemoglobina, para identificar alterações na hemoglobina, como anemia falciforme e talassemias.
“Tenho outras duas amigas grávidas que estão fazendo o acompanhamento particular e, nas nossas conversas, percebo que elas não fizeram nem metade dos exames a que eu tive acesso. Posso garantir que aproveitei muito tudo o que o Mãe Curitibana oferece”, diz a gerente comercial Débora Maria Barbosa Di Creddo, 34 anos, prestes a dar a luz à Ana Clara.
Débora está na segunda gestação com acompanhamento pelo Programa Mãe Curitibana. Na primeira, em 2006, quando nasceu o pequeno Ben-Hur, de 8 anos, ela teve problemas de hipertensão, sintoma que se manifestou novamente. Diagnosticada, Débora foi encaminhada ao Hospital de Clínicas, onde faz todo o pré-natal. Mesmo assim, a gerente não abriu mão do pré-natal na Unidade de Saúde Santa Quitéria 1. “Estou sendo muito bem atendida”, diz.
Além da hipertensão, Débora teve anemia e duas infecções urinárias desde o início da gravidez. “Precisei tomar vários medicamentos todo esse tempo e retirei tudo o que precisei direto na unidade”, conta ela.
As ações de fortalecimento do programa passaram também pela assistência durante o pré-natal, o reforço no acompanhamento das gestantes de risco, o trabalho em câmaras técnicas junto às maternidades, a aproximação com as equipes das maternidades conveniadas ao SUS Curitiba e, ainda, o acompanhamento das crianças pelos profissionais das unidades básicas de saúde.
Triagem
Hoje, a avaliação de risco gestacional é realizada na Unidade Especializada de Saúde Mãe Curitibana, localizada no mesmo endereço da Unidade Básica Mãe Curitibana, no São Francisco. Desde março de 2013, mais de 8 mil mulheres de todas as regiões da cidade já foram avaliadas e a fila de espera para o ambulatório de risco acabou.
Depois dessa avaliação, os casos mais graves são encaminhados para acompanhamento em hospitais de referência, como é o caso do Hospital de Clínicas e do Hospital Evangélico. As gestantes também já ficam vinculadas ao hospital para dar a luz ao bebê.
Paralelamente, as gestantes têm a opção de continuar realizando o pré-natal na unidade básica de saúde. “Percebemos que somente 30% das futuras mães precisavam de atendimento especializado em hospital. As demais eram gestantes de risco habitual e que tinham condições de fazer o acompanhamento nas unidades básicas de saúde em parceria com os especialistas que hoje atuam nos Núcleos de Apoio ao Saúde da Família (Nasfs)”, explica o coordenador do Programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha, Wagner Barbosa Dias.
Unidades básicas
A auxiliar administrativa Maria Mendes Colares, de 38 anos, está no início da segunda gestação e, mesmo tendo plano de saúde particular, não abriu mão do pré-natal pelo Programa Mãe Curitibana. Usuária da US Santa Quitéria 1, ela disse sentir-se segura com a equipe, graças à qualidade do atendimento. “Na primeira gravidez, recebi todas as orientações necessárias durante o pré-natal, tive parto normal e saí da maternidade já amamentando minha filha”, comenta, referindo-se ao parto de Sofia, hoje com 1 ano e 10 meses.
A professora Marina Farias, de 38 anos, usuária da US Capanema, está a pouco mais de um mês do nascimento de sua segunda filha, Laura Maria, e destaca a dedicação e atenção da equipe de saúde da unidade durante suas gestações. “Não é somente comigo, que estou grávida. Todos da minha família são sempre muito bem atendidos aqui”. Marina, que já é mãe de Maria Vitória, 4 anos, também faz pré-natal no Hospital de Clínicas, por ter sido classificada como gestante de risco devido à hipertensão.
A empresária Ana Carolina Sloboda, de 30 anos, teve sua primeira filha em 2012, antes da ampliação do Programa Mãe Curitiba e das mudanças no modelo de atendimento da Unidade Básica de Saúde Mãe Curitibana. Mesmo tendo plano de saúde, nesta segunda gestação ela continua fazendo seu pré-natal pelo SUS, dessa vez na US Ouvidor Pardinho, também no Centro de Curitiba. “Eu gostava mais quando o atendimento às gestantes era concentrado na Unidade Básica de Saúde Mãe Curitibana, mas mesmo com as mudanças o serviço continua sendo muito bom”, destaca.
Unidade Especializada Mãe Curitibana
A Unidade Especializada Mãe Curitibana, localizada no bairro São Francisco, é referência para o atendimento a crianças e gestantes de risco de toda Curitiba, e oferece especialistas como mastologistas, ecografistas, neuropediatras, infectologistas pediátricos, cardiopediatra, gastropediatra, dermatopediatra e endocrinopediatra, além de centralizar as cirurgias de alta frequência para lesões de colo de útero. É para lá que são encaminhadas as gestantes vinculadas ao Programa Mãe Curitibana que necessitam passar pela avaliação de risco.
Unidade Básica de Saúde Mãe Curitibana
A Unidade Básica de Saúde Mãe Curitibana, localizada no mesmo endereço da Unidade Especializada, no São Francisco, conta com médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e outros profissionais que trabalham no modelo da Estratégia Saúde da Família. A unidade funciona como as demais unidades básicas da rede de saúde de Curitiba, oferecendo todos os tipos de serviços aos moradores da região, independentemente de sexo ou idade.
Programa Mãe Curitibana/Rede Cegonha

O Programa Mãe Curitibana foi criado em 1999 e, em 2013, incorporou as diretrizes da Rede Cegonha, do Ministério da Saúde. É uma relação de protocolos e diretrizes adotados por toda a rede de saúde da cidade (unidades e hospitais vinculados) para dar assistência à mulher e à criança e que têm como princípios fundamentais o respeito e a humanização, contribuindo para o aprimoramento constante da qualidade da atenção às gestantes e aos recém-nascidos. Visa implementar uma rede de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis. Para iniciar o pré-natal pelo Programa Mãe Curitibana, a mulher deve procurar a unidade básica de saúde mais perto de sua casa. Na primeira consulta, a mãe recebe a carteira de pré-natal e fica sabendo em qual maternidade nascerá seu bebê.

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