Os modelos e as alternativas de financiamento voltados ao desenvolvimento e à transformação das metrópoles em cidades inteligentes foram tema do Smart City Business America Congress & Expo, maior evento da América Latina sobre soluções urbanas sustentáveis. O evento foi aberto nesta terça-feira (19), em Curitiba, com uma série de debates promovidos pela ONU-Habitat.
Para o prefeito Gustavo Fruet, que integrou a mesa de
administradores municipais, o esforço deve estar voltado para a criação de
ambientes de atração de investimentos, sem perder o foco na vocação do
município.
O chefe da Unidade de Desenvolvimento de Capacidades da
ONU-Habitat, Cláudio Acioly, destacou que o processo de urbanização propicia o
surgimento da economia criativa, baseada na inovação, criatividade e capital
intelectual dos empreendedores, e que este é um setor que pode ser um agente de
contribuição no desenho e no financiamento das novas políticas públicas. “Ao
reunirmos um grupo de empresários interessados no desenvolvimento urbano
sustentável, podemos ver como a parceria entre o público e este segmento pode
acelerar uma nova agenda urbana, com soluções inteligentes”, disse. “As smart
cities se caracterizam pelo esforço em se tornarem competitivas. Isso gera uma
preocupação com o planejamento urbano e com o desenvolvimento urbano.”
As discussões conduzidas pela ONU-Habitat servem também de
base para o Protocolo de Curitiba, documento que será assinado na noite desta
terça-feira (19) e que vai orientar a criação de políticas de desenvolvimento
urbano sustentável e de uma Política Nacional para as Smart Cities. O Protocolo
inclui as principais diretrizes que serão enviadas ao Secretariado da III
Conferência das Nações Unidas sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano
Sustentável, a Habitat III, que ocorrerá na cidade de Quito, no Equador, em
2016.
Soluções pontuais
Fruet citou soluções recentemente implantadas em Curitiba
para exemplificar como iniciativas pontuais e específicas podem contribuir na
construção de uma cidade mais humana e inteligente: semáforos que, a partir da
leitura do cartão-transporte ampliam o tempo de travessia para idosos e pessoas
com deficiência; a Via Calma e o programa Nossa Feira, no qual há venda de
produtos com preço mais baixo - possível
pela parceria da Prefeitura com cooperativas de agricultores familiares.
“Ampliamos o Conselho de Urbanismo para que dele participassem também entidades
do setores produtivos e representativos de classe. É preciso tratar o setor
privado como um aliado da cidade”, destacou.
As Estações da Sustentabilidade, equipamentos concebidos
para envolver os cidadãos na gestão dos resíduos sólidos e aperfeiçoar a coleta
seletiva, e que em alguns casos começam a receber leitores de cartão para
registrar os usuários mais assíduos, também foram lembradas pelo prefeito. “É
preciso que todas essas ações estejam integradas num planejamento de longo
prazo, como está na proposta de revisão do Plano Diretor de Curitiba”,
completou.
Segundo o prefeito de Campinas (SP), Jonas Donizette, a
chave do sucesso das intervenções urbanas está na colaboração. “Acredito que,
assim como as pessoas, as cidades têm características. Têm sonhos e ambições. E
não tenho dúvida de que a tecnologia é a grande aliança para que os setores
público e privado possam atuar juntos no desenvolvimento urbano.”
A observação foi complementada pelo prefeito de Pinhais, na
região metropolitana de Curitiba, Luiz Goularte Alves, para quem as empresas
precisam oferecer mais soluções e não tantos produtos aos gestores do Estado.
“Não temos mais como pensar iniciativas restritas ao território dos municípios.
Na nossa região metropolitana, cerca de 40% das pessoas mudam de cidade
diariamente para trabalhar ou estudar, então as soluções precisam ser
regionais”, disse.
“A reabertura da Pedreira Paulo Leminski teve impacto na
oferta de serviços relacionados à organização de eventos. Também observamos a
atração de milhares de turistas nos dois grandes shows realizados lá em abril.
Isso reforça a vocação da economia de serviços, que é muito forte em Curitiba”,
exemplificou Fruet.
Participaram também da discussão o prefeito de Belo
Horizonte, Márcio Lacerda, e o presidente da Associação Brasileira de
Municípios, Eduardo Tadeu Pereira. Em mesas anteriores, executivos de diversas
empresas – como Ciro Diehl, da Oracle, Luis Carlos Pimenta, da Volvo Bus Latin
America, Manoel Horácio da Silva, do Instituto TIM – além de representantes de
agências reguladoras e do Executivo e Legislativo federal debateram o futuro
das cidades.
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