Diversos prefeitos de todo o mundo, entre eles o de Curitiba, Gustavo Fruet, participam nesta terça-feira (21) de um encontro com o Papa Francisco, durante o seminário “Escravidão moderna e mudanças climáticas: o compromisso das cidades”, promovido pelo Vaticano.
O convite do Vaticano foi feito para sete prefeitos
brasileiros através da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), além de outros 53
governantes locais de 29 países.
O Papa falou, durante 17 minutos, sobre o desenvolvimento
das cidades e os flagelos causados por este crescimento, como a ocupação das
áreas periféricas por uma população que não tem oportunidades. Disse que os
prefeitos precisam combater a exploração sexual, o tráfico humano, aliado ao
equilíbrio ao meio ambiente. “Não podemos separar o cuidado do meio ambiente do
cuidado com a humanidade. O cuidado com o meio ambiente é um ato social”,
disse.
Também citou as grandes ondas imigratórias atuais,
principalmente para os países europeus. O pronunciamento ocorreu às 17 horas no
Vaticano, 12h no horário de Brasília, em encontro iniciado pela manhã e que
seguiu após a participação do Pontífice.
Ao final do encontro, todos os prefeitos, o Papa e os
representantes do Vaticano assinaram um documento em que pedem que as
autoridades nacionais ponham a questão ambiental no centro dos debates.
Nesta quarta (22), os prefeitos participam do simpósio
“Cidades e o desenvolvimento sustentável”.
Os prefeitos brasileiros levaram ao Papa uma carta, na
qual saúdam e agradecem a
iniciativa de sensibilizar
o mundo para
os problemas relacionados
às mudanças climáticas, ao
flagelo da pobreza
e da exclusão
social, às formas
atuais de trabalho
escravo.
A carta diz que os governos locais também devem colaborar
para reverter a crise climática global e cita os esforços e metas estabelecidas
para enfrentar os problemas causados pelo desenvolvimento das cidades, como o
consumo de recursos naturais e o aumento de emissões de gases de efeito estufa.
O texto menciona que as mudanças climáticas pioram a
qualidade de vida, especialmente da população mais carente, e que, para superar
a vulnerabilidade dos mais pobres, adota políticas públicas de inclusão social.
Os prefeitos ainda pedem que a Organização das Nações
Unidas (ONU) reconheça a importância dos governos locais na sustentabilidade do
mundo e desenvolvimento humano.
Leia a íntegra da carta entregue ao Papa:
“Declaração dos prefeitos brasileiros
A dificuldade na construção de um acordo internacional
entre os chefes de Estado que contemple diretrizes mais audaciosas e efetivas
no enfrentamento às mudanças climáticas já tem reflexos na piora da qualidade
de vida das pessoas, em especial dos mais pobres. Essa situação coloca em risco
os avanços conquistados no enfrentamento da miséria e das desigualdades nas
ultimas décadas, refletindo-se no dia-a-dia das cidades que governamos.
Em sintonia com a Encíclica “Laudato Si”, reconhecemos a
urgência de atender as necessidades dos mais pobres. Para enfrentar esse
injusto cenário de desigualdades os 5.570 prefeitos brasileiros estão
empreendendo esforços para que os excluídos possam superar a situação de
vulnerabilidade. São políticas públicas estratégicas de inclusão social
abrangendo educação, saúde, habitação, saneamento, transporte público, geração
de renda, emprego, empreendedorismo e cooperativismo.
Reconhecemos também a responsabilidade dos governos
locais em contribuir com a reversão da atual crise climática global. Há
prefeitos brasileiros adotando metas para desatrelar o desenvolvimento das
cidades do aumento de emissões de Gases de Efeito Estufa em seus territórios e
nos padrões de produção e consumo. E, sabendo que esses esforços iniciais ainda
são insuficientes, trabalharemos para incorporar a visão do desenvolvimento
urbano de baixo carbono e resiliente às mudanças climáticas nos planejamentos
das cidades brasileiras.
Cientes de que as mudanças climáticas são um desafio
global, pleiteamos que os governos nacionais, e em especial o governo
brasileiro, envide esforços na construção de acordos nacúpula do clima em Paris
no final deste ano (COP21) que mantenham o aquecimento global induzido pelo
homem abaixo de 2ºC, e tenham como objetivo avançar para níveis mais seguros.
Globalmente, como estratégia para enfrentar esse cenário
desastroso, propomos a transferência de recursos e tecnologias dos países
desenvolvidos aos países em desenvolvimento, em especial aos mais pobres, e
diretamente às cidades, visto que os primeiros são os que historicamente mais
consomem recursos naturais e contribuem para o agravamento das mudanças
climáticas.
Diante disso, reivindicamos ainda o reconhecimento, pela
Organização das Nações Unidas (ONU), dos governos locais como atores
fundamentais na promoção da sustentabilidade global e do desenvolvimento
humano.
Roma, 20 de Julho de 2015.
Marcio Lacerda – Prefeito de Belo Horizonte (MG) e
Presidente da FNP
Fernando Haddad – Prefeito de São Paulo (SP)
Eduardo Paes – Prefeito do Rio de Janeiro (RJ)
ACM Neto – Prefeito de Salvador (BA)
Gustavo Fruet – Prefeito de Curitiba (PR)
José Fortunati - Porto Alegre (RS)
Paulo Garcia – Prefeito de Goiânia (GO)”
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