quinta-feira, 10 de setembro de 2015

FRUSTRAÇÃO DE UM JOVEM - Conto: Agenor Santos


Um jovem de nome Augusto Lima Prado, nascido em 20/04/41, em Recife-PE, filho de Maria  Lima Prado e José Maria Prado, que desde a tenra idade já despertando interesse em seguir as Forças Armadas; tinha o hábito de imitar os saldados, marchando fazendo os movimentos pra frente, direita, esquerda e a tradicional continência em respeito ao superior. Augusto logo que foi pra escola, e ficando entusiasmado com o desfile tradicional que reunindo centenas de crianças todos anos, era o mais entusiasmado se sentindo realizado, desfilando como gente grande, chamando a atenção do público que o aplaudiam bastante;  Augusto impressionando a todos, por ser tão pequeno e aplicado desfilando.

Augusto ao atingir (18) dezoito anos, como qualquer jovem alistando-se no Serviço Militar e ficando na expectativa de sua convocação para seguir a tão sonhada carreira. O jovem era tão focado pelas Armas fazendo também o Curso Asas do Brasil(Aeronáutica) para Sargento, e o exame para Aprendiz de Marinheiro, tendo sido aprovado, ficando no aguardo do dia para viajar para a Escola de Aprendizes de Marinheiro, em Fortaleza-CE; o jovem ia costumeiramente na Capitania dos Portos, para saber quando seria o dia do embarque , sem contudo ter uma resposta positiva. Enquanto isso aguardava a sua convocação para o Exército; chegando o grande dia, levantando cedo e preparando-se cuidando do visual, escolhendo a melhor roupa, querendo se apresentar bem; após fazer os exames, foi considerado "Incapaz Definitivamente Não Podendo Exercer Funções MIlitares"; o jovem ficou surpreso e desapontado por não ter nenhum defeito físico e nem mental, mesmo não tendo se apresentado na primeira convocação não era motivo para radicalização.

Augusto sentiu uma profunda frustração por não ter realizado  o seu sonho,  o Exército, e logo foi até a Capitania dos Portos, saber do embarque para Fortaleza,  e o Sargento fez a pergunta que já tinha feito a outros jovens: já se apresentou ao Exército? a resposta foi sim, mas não fiquei; o Sargento concluiu, vocês são tolos, se referindo aos demais jovens que não deveriam se apresentar a outra instituição, sendo assim, não tem como seguir a carreira da Marinha de Guerra do Brasil, infelizmente, mas  essa é a realidade.

O jovem Augusto não estava acreditando que o seu sonho de criança lhe trouxesse tanta frustração; fez uma carta e enviou ao Diretoria do Curso Asas do Brasil, contando o ocorrido, tendo como resposta que lamentavam, mas não podiam fazer nada. Augusto resolver ir morar com uma tia em Belém do Pará, com uma promessa de emprego; eis que ao lê o jornal Folha do Norte uma matéria seletiva de homens para a Marinha Naval, e Augusto não perdeu tempo e procurando o setor de inscrição e coincidentemente o Sargento responsável era seu conterrâneo, foi uma festa, mas ao pedir os documentos de Augusto, o Sargento não gostou do que viu, o Certificado era negativo, mas o Sargento além de solícito com o conterrâneo deu-lhe esperança, dizendo que ainda havia chance, que se dirigisse ao Exército e contasse a sua situação, que talvez pudesse fazer novos exames, e assim foi feito Augusto recebeu do Exército a esperança, mas que teria que voltar após um ano para novos exames e possivelmente anular o atual Certificado e expedido outro.

Augusto já desanimado começou a trabalhar, namorar e casar com a jovem Maria da Luz; tiveram 3 filhos: João Pedro Prado, Roberta da Luz Prado e Augusto Prado Filho; todos formados e independentes. Apesar da grande frustração de Augusto por não ter o seu sonho realizado nas fileiras, mas muito feliz por ter encontrado uma mulher de raras virtudes.

Augusto embora feliz não esconde seu sentimento, sempre que há uma oportunidade desabafa, questionando porque  que muitos não querem servir e são obrigados? Mesmo que seja por pouco tempo? Enquanto outros que têm vocação são excluidos,  incluindo a si mesmo.

Agenor Boaventura dos Santos/Pedagogo/Pós-graduação em Docência Superior/Poeta.

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