Saudade são águas
passadas que se acumulam em nossos corações, inundam nossos pensamentos,
transbordam por nossos olhos, deslizam em gotículas de lembranças que por fim,
morrem na realidade de nossos lábios.
Durante muitos
anos, usamos este título para anunciar poesias ou músicas românticas em
programas noturnos que apresentamos em algumas emissoras de rádio de São Luís.
Não só para atender aos ouvintes, que nos enviavam cartas, ou solicitavam por
telefone, mas para satisfação também do nosso interior. Músicas e poesias
sempre nos fizeram “viajar” na imensidão do infinito, buscando fortes emoções,
para compor o nosso romantismo para transmitirmos de forma bastante expressiva
as emoções que o programa poderia provocar nos radiouvintes.
As palavras fluem como gotas de orvalho que
caem na relva para fortificar o tom verde, que representa a vida. Como bálsamos
aos que precisam amenizar a dor do amor. Como encantamento, aos que precisam de
tons melódicos, aos que querem eternizar sentimentos. Ou como prece ao amor,
que se eleva dos corações, da alma... Ou ainda aos que precisam de uma nova
aurora, para plantar as açucenas que exalarão o perfume que embriaga os seres
mais apaixonados, ou outras árvores que possam, no estio, mostrar ao sol a suas
verdejantes copas.
Os sons percorrem caminhos inimagináveis até
alcançar íntimo. Invadem moradas cujas cavidades estão carentes de sentimentos.
Corações que só amolecem com o tocar das palavras que emocionam, das músicas
que sensibilizam... Toque de saudade!
Quem sabe, os meus cabelos, já embranquecidos
pelo tempo, e a saudade, mesmo em retalhos, não têm sido a tônica dos meus
ainda sonhos não sonhados, e as gotas de amor que continuarão sendo o meu
alimento principal, no impulso do corpo, no impulso da vida.
(Lima Coelho é jornalista, radialista, escritor e poeta maranhense)
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