As contas eram do banco Julius Baer, que informou às
autoridades suíças ter bloqueado US$ 2,4 milhões – cerca de R$ 9,3 milhões –
que seriam de Cunha e de familiares dele.
Os extratos bancários de Cunha foram enviados pelo
Ministério Público da Suíça à Procuradoria Geral da República brasileira nesta quarta-feira
(7).
Questionado sobre o assunto nesta quinta-feira (8), Cunha
respondeu: "Não sei, não sei, eu não, eu não conheço. Só quando eu for
notificado que eu posso falar".
Eduardo Cunha é investigado na Operação Lava Jato e, em
agosto, foi denunciado pela Procuradoria Geral da República no Supremo Tribunal
Federal (STF) sob a acusação de que teria se beneficiado do esquema de
corrupção na Petrobras.
As investigações sobre Cunha começaram em abril na Suíça. Os
documentos enviados pelo MP suíço mostram ainda que o presidente da Câmara,
investigado na Suíça por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva,
utilizou empresas "offshore" para movimentar supostas contas secretas
no país europeu.
Empresa offshore é aquela situada no exterior, sujeita a
regime legal e tributário diferentes do país de origem. Atualmente, a expressão
é aplicada mais especificamente a sociedades constituídas em "paraísos
fiscais", com impostos reduzidos ou até mesmo isenção de impostos.
De acordo com a reportagem da "Folha de S.Paulo",
as informações fornecidas pelo banco às autoridades suíças apontam que os
beneficiários finais das contas secretas são o próprio Cunha, a mulher dele e
uma das filhas do deputado. Os investigadores suíços ainda não conseguiram
confirmar se as movimentações bancárias eram feitas por Cunha ou por
procuradores.
Desde que as informações sobre as contas foram divulgadas,
Cunha tem se limitado a dizer que não irá falar sobre o assunto.
Em março, ao depor à CPI da Petrobras, o presidente da
Câmara afirmou que possui apenas uma conta, no Brasil, que foi declarada à
Receita Federal.
Suposto operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava
na Petrobras, o engenheiro João Augusto Rezende Henriques afirmou em depoimento
à Polícia Federal (PF) que fez uma transferência ao exterior para uma conta do
presidente da Câmara dos Deputados.
Em julho, o ex-consultor da Toyo Setal Júlio Camargo afirmou
em depoimento à Justiça Federal do Paraná que foi pressionado por Cunha a pagar
US$ 10 milhões em propina para que um contrato de navios-sonda da Petrobras
fosse viabilizado. Do total do suborno, contou o delator, o peemedebista disse
que era "merecedor" de US$ 5 milhões.
Além disso, investigadores da Lava Jato informaram que o
lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, também disse em sua delação
premiada que o presidente da Câmara recebeu, ao menos, US$ 5 milhões em
propinas por contratos de locação dos navios-sonda. Baiano é acusado de ser um
dos operadores do PMDB no esquema de corrupção que agia na estatal do petróleo.
Nesta quinta, o PSOL informou que decidiu protocolar uma
representação no conselho de ética da Câmara pedindo que o colegiado investigue
a suposta quebra de decoro parlamentar de Cunha.
O pedido, segundo os deputados da sigla, terá como base a
confirmação oficial, por parte da PGR, de que Cunha mantém contas bancárias
secretas na Suíça.
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