Crônica do amanhecer
Por Hélcio
Silva
(21 / 11 /
2015
Não faz muito tempo, um esqueleto com umas 8 colunas de cimento, entre mato e sujeira, ergueu-se ao lado esquerdo na descida da avenida Magalhães de Almeida no sentido do mercado central, ficando de pé por muitos anos. Era mais uma obra pública inacabada e abandonada, no centro da cidade de São Luís.
Custou muito dinheiro: dinheiro público!
No ano de
2005, o Maranhão escandalizou-se com um monte de denúncias sobre as famosas estradas
fantasmas. Muito dinheiro público torrado criminosamente.
Nos dias de
hoje, no país inteiro, pipocam denúncias aqui e a ali, acolá e em todo lugar,
até pelo exterior, evolvendo gente, bolso de gente e muitos bolsos abarrotados
do dinheiro público, muitos com origem no mensalão e na lava jato.
No Maranhão,
uma grave denúncia na Saúde pública. Notícias corriam miudinhas como as
formigas, até a chegada da Operação Sermão aos Peixes, trazendo de volta a
lembrança oratória do brilhante padre Vieira.
As
investigações apontam que houve um desvio de mais de Um Bilhão (há quem fale em
Dois) do sistema de saúde pública do Maranhão. Uma Organização Criminosa! Um
crime organizado!
O principal
investigado e acusado é o ex-deputado Ricardo Murad, então gestor da pasta da
Saúde na administração da governadora Roseana Sarney. Ele nega.
A filha divulga
uma carta enaltecendo o pai...
Mas o povo
fica atônito. Um desvio assombroso deste tamanho, em um só setor da
administração pública, assusta. As investigações sobre as denúncias de desvio
de dinheiro público na Secretaria de Saúde do Maranhão devem continuar até a
verdade final.
Precisamos
mudar a cultura de gestão pública neste país. Vivemos numa República ou não
vivemos numa República? O que é uma República?
A política
brasileira precisa de uma alma republicana, buscando a luz da razão em benefício
de gestões públicas visando o bem-estar de todos e não apenas de alguns.
A República
não pode compactuar com oligarquias familiares onde um senador (governador ou
qualquer “poderoso” cacique) decide no rico aconchego do seu lar quem da
família vai ser vereador, deputado estadual, federal ou quem vai assumir os
principais cargos públicos, como se eleição e nomeação para postos importantes
fossem propriedades desses núcleos oligárquicos. A República não é um salão de festa para
distribuir favores nem trocar favores. A República não permite o roubo, o furto,
o patrimonialismo...
A
governação, na República, precisa do envolvimento ético de todos pelo bem de
todos, com oportunidade para todos, com a segurança de que todos tenham seus
direitos garantidos.
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