sexta-feira, 20 de novembro de 2015

A carta de Juliana

Para o meu pai que tanto amo e admiro:


Meu pai, durante muitos anos me questionei sobre até que ponto valia a pena sacrificar a vida pelo trabalho. Talvez muitos não entendam, mas eu te conheço bem e todos que te conhecem sabem que você respira trabalho. Quantas vezes já te pedimos, eu, mamãe, Andrea e Tatiana, para fazermos uma viagem juntos? Para termos ao menos um final de semana que não falássemos em política? Várias né, pai?! Nosso maior sonho é esse: ter você ao menos por um dia só para a gente. Porém, eu cresci e aprendi que quando a gente ama, a gente respeita o outro e o aceita em todas as suas limitações. Aprendi a te aceitar e amar assim do jeito que você é. Olhando esse cenário vejo como existem pessoas baixas, cruéis e cegas. Pessoas que tripudiam em cima da dor dos outros, que querem o mal, que querem a guerra. Por orgulho, inveja, ou seja lá qual sentimento for, muitos te acusam e esquecem do trabalho brilhante e arrojado que você fez na saúde do Estado. Muitos só falam, vivem de discurso, vivem para enganar e se aproveitar do povo, mas poucos, e me atrevo a dizer que nenhum tem a sua coragem, tem a sua fome por trabalho, tem o seu potencial, a sua bravura, o seu destemor e muito menos a sua boa intenção. Em todos esses anos que vivo ao teu lado, nunca te vi odiar alguém como hoje vejo muitos te odiarem. Nunca vi você rir ou desejar o mal a alguém. E o pior é que muitos te pintam como um monstro. Fora os aproveitadores, que te sugam até onde podem e na hora de mostrar amizade correm fora, isso sem esquecer que existem aqueles que continuam alí para nunca deixa-lo crescer. E o mais engraçado é que muitos não te querem porque você não faz a política suja, medíocre e viciada deles. Porque ninguém trata a arte de fazer política como você. Talvez as decepcões, os mais de trinta anos de vida pública, tenham te desiludido um pouco, feito de ti uma pessoa mais prática, mais impaciente, mais impulsiva e mais descrente nas pessoas. Porém, acredito que nem só de sorriso no rosto vive um homem público. Aliás, talvez esteja na hora das pessoas pararem de querer ver tanta simpatia nos outros, e procurar por mais ação. A política é sua vida e sempre o vi levando-a para o caminho da retidão, do compromisso e do bem ao próximo. Brigas existem, mas no seu coração logo passam. Você é duro, mas tem um coração tão gentil e amigo que só quem tem a felicidade de conhecê-lo pode afirmar o que digo. Nunca me esqueço, e não sei se lembras, de quando fui às pressas internada em São Paulo por um problema de saúde, você tão preocupado comigo e encantado com o tratamento que eu estava recebendo dos médicos, enfermeiros e do próprio hospital, disse: papai um dia vai conseguir fazer um igual a esse no MA. Você vai ver. E eu te olhei, sem conseguir falar muito, não pelo meu estado pois já estava me recuperando, mas por não acreditar no que eu estava ouvindo. Você preocupado e atencioso comigo, como todos sabem que és, um excelente pai, e mesmo assim pensando nas suas intermináveis obras e sonhos. E ai está... Você conseguiu fazer muito mais de um, todos referência no estado, e com o padrão de qualidade Ricardo Murad. E o mais bonito de tudo isso sabe o qué é? É que você pensou em fazer para o povo como se estivesse fazendo para uma filha. Isso sem falar na busca diária pela perfeição e qualidade, higiene, das macas escolhidas a dedo pensando no conforto do paciente, do piso e da climatização. Quando você sabia por alguém que uma UPA estava suja logo ligava impaciente dizendo que não permitia aquilo, sempre que chegava uma notícia ruim sobre qualquer hospital ou UPA você era o primeiro a tomar a frente e resolver. Aquilo virou a sua vida, bem como tudo o que se compromete a fazer se transforma também. Porque você não sabe ser metade. Para você, ou você faz seu melhor ou não faz. Eu sempre soube quem você é, e quando te vejo sentado pensando e trabalhando você consegue despertar em mim o melhor de todos os sentimentos, aquele que Deus nos ensinou: amai ao próximo como a ti mesmo. E você, com toda a sua particularidade, defeitos e qualidades, consegue fazer isso com maestria. Você faz o bem sem olhar a quem. E isso é lindo! É lindo ver o seu orgulho em ter conseguido concluir um hospital, em pegar o carro domingo de manhã sozinho e ir 'desbravar' São Luis como na época da gerência metropolitana. Chegava em casa com mil ideias, dizendo que ia proporcionar qualidade de vida ao povo, assim como você e mamãe estão fazendo hoje em Coroatá. Com aquela linda academia de saúde, com aulas de dança, hidroginástica e pista para corrida. Qual munícipio do MA pode se orgulhar desses e de outros belos feitos em sua cidade? Bem como foi lindo ver a sua preocupação em tirar os jovens da rua para reduzir o indíce de usuários de drogas na cidade. Passou dias pesquisando e descobriu que o judô seria uma boa ferramenta para isso. Não se conformava em saber que depois da escola a maioria das crianças ficava em casa, sem acompanhamento dos pais que tem que sair para trabalhar. E você falava: lugar de criança se não for com a mãe e pai ao lado, tem que ser fazendo alguma atividade. Preenchendo o tempo. Não demorou nada até que conseguisse planejar o projeto, começar a entender do esporte e se alegrar só de pensar que dali poderia sair um futuro campeão que você nem ao menos conhece. O que te faz diferente é porque você consegue manter viva, dia após dia, a preocupação com o próximo. Porque o que te interessa é o poder da realização e não o poder em si, como muitos lutam para conseguir. O problema é que quando a palavra 'poder' vem sozinha ela se torna vazia, pobre de espírito e de ideias, e cheia de amargura, ódio e inércia. Talvez seja essa a 'doença' do Brasil: a busca desmedida pelo poder e pelos benefícios que ele pode trazer. Um país cheio de vícios e onde a própria justiça se faz suja e comprada. Bom, mas essa é só uma carta de uma filha a um pai, e não um artigo de defesa ou acusação sobre esse paí e sobre sistema político imundo que corrompe qualquer homem de bem que pensa em entrar para a política pensando no próximo. E eu tenho um orgulho imenso de dizer que sou testemunha viva que você não vive para outra coisa a não ser para trabalhar. Eu tenho um orgulho imenso também em dizer que você não é vendido, e nem comprado por ninguém. E nem que opta por se calar só para não correr riscos e ser odiado ou prejudicado por alguém. Você é o que é em qualquer situação. E vou te falar uma coisa de todo o coração: obrigada por ser exatamente assim. Obrigada por ter me feito entender desde criança que não podemos nos vender, que o ser humano não é mercadoria barata. Obrigada, meu pai, por me fazer entender também que uma opinião não pode ser mudada por conveniência ou chantagem. Obrigada pelas aulas diárias de cidadania e de civilidade. E são por todas essas coisas citadas e pelo que presencio todos os dias, que dói ver as pessoas te julgando tão mal. Ah meu pai, se elas soubessem das suas intenções você não seria crucificado dessa forma. Sou uma filha que se orgulha do homem diferenciado, íntegro, de coração solidário, visionário. Que se orgulha da forma que foi criada e do exemplo que teve dentro de casa. Deixemos falar o que quiserem... As suas atitudes falam por si. Quem tem olhos para o bem consegue ver hospitais construídos, já quem tem olhos para o mal não consegue ver nada além dos seus próprios interesses. E sabe quando conseguiremos mudar o olhar dessas pessoas? Talvez nunca! Pois as pessoas estão se tornando cada vez mais sujas, indignas e compradas. E mais uma vez o meu muito obrigada, por me mostrar a vida inteira que um homem sem caráter nada mais é do que um homem sem dignidade.
Com amor,
Juliana.

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