Crônica do amanhecer
Por Hélcio Silva
(08 / 11 / 2015)
Joaquim de
Inácia chegou feliz de retorno à sua pequena cidade plantada em vasto torrão
deste nordestão brasileiro. Voltando para sua casinha branca lá no pé da serra,
onde o galo canta no madrugar de todos os dias, vinha ele da cidade grande onde
fora visitar sua filha doutora, formada em medicina e agora casada com conceituado
advogado, homem de grande conhecimento jurídico, muito educado.
Foi bem
recebido na cidade grande, quando por lá esteve, tratado com carinho pela filha
e pelo genro.
Na primeira
visita a uma luxuosa loja, Joaquim temeu subir pela escada rolante e não sabia
que pé colocava primeiro. A filha o segurou carinhosamente pelo braço. Subiram!...,
e ele orgulhoso com seu chapéu de palha.
Foram
escolher um chapéu bonito. Ela queria, antes das outras compras, dar um chapéu
bonito e novo para o pai...
- Oi,
pai!... Esse chapéu é lindo, põe na cabeça...
Joaquim de Inácia
foi ao espelho da loja e se viu o homem mais bonito com aquele chapéu novo...
E a filha
disse:
- Pai, o
senhor pode botar o seu chapéu de palha naquele cesto que o pessoal da loja vem
apanhar...
- Não filha.
Eu quero também meu chapéu de palha que sempre me acompanhou na vida. Você
lembra?
- Lembro,
sim, pai. Muitas vezes o sr. colocou seu chapéu de palha na minha cabeça,
brincando comigo..., e eu ficava feliz...
- Pois é, eu
gosto de meu chapéu de palha e também deste novo chapéu lindo que você me deu
com todo amor...
- Pai!...
Meu Pai!... Eu estou te vendo tão feliz que quero te pedir um presente...
- Que
presente, filha?
- Faz tempo,
pai, que não recebo um Deus te abençoe...
E a filha,
diante do pai, estendeu a mão e disse: bença pai...
E ele, com
os olhos brilhando de felicidade, respondeu:
- Deus te
abençoe, minha filha...
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