Na questão do impeachment, não há terceira via nem jeitinho: ou Dilma consegue 173 votos de deputados, mínimo para mantê-la no poder, ou Michel assume.
Na primeira hipótese, Madame precisará reformular suas
diretrizes de governo e mudar o ministério, sabendo não poder contar com os
grupos do PMDB e de outros partidos que terão votado contra ela, mesmo os
hesitantes da base oficial.Caso a votação aconteça em fevereiro, melhor para a
presidente, abrindo-se a oportunidade de inaugurar uma nova fase e tentar
superar a crise econômica. Não vai dar para sugerir a união nacional. Precisará
apoiar-se nas próprias forças, com o PT à frente.
No reverso da medalha, se tiver sido afastada pela maioria
da Câmara e, depois, condenada pelo Senado, presidido pelo presidente do
Supremo Tribunal Federal, a presidente sairá da História. Caberá ao vice Miguel
Temer recompor os cacos da louça quebrada, aí sim apelando para a união
nacional. Mesmo os deputados que terão se pronunciado pela permanência de Dilma
serão chamados a participar de um ministério chamado de “coração de mãe”, onde
sempre caberá mais um. Prevê-se que o então novo presidente apele para a
formação de um programa de governo capaz de reunir o mínimo de opiniões
convergentes, missão difícil mas não impossível. Com certeza o PT ficará de
fora, sob a liderança do Lula, já que Dilma terá mergulhado no esquecimento.
Michel, no palácio do Planalto, não contará com a simpatia da população, mas,
ao menos, receberá uma espécie de moratória positiva, de alguns meses onde
ficará sendo observado. Quebrará a cara, se limitar-se às diretrizes do
documento divulgado dias atrás pelo PMDB, a tal “ponte para o futuro”. Para governar,
necessitará muito mais do que pedir sacrifícios à nação. No caso, de algum
antídoto contra o desemprego, os impostos e a alta do custo de vida.
Os dias ou semanas que precedem a votação do impeachment
serão tensos e marcados pelo acirramento dos ânimos. Dilma e o PT contam em
receber mais do que os 172 votos de deputados em favor de sua permanência, mas,
se brincarem em serviço, arriscam-se a ser postos para fora. A opinião pública
não confia no partido nem na presidente, como também olha de viés para o atual
vice-presidente. O produto mais em falta nas prateleiras do país chama-se
“confiança”, que Michel reconheceu não dispor, seja da parte de Dilma, seja do
cidadão comum.
Em suma, melhor seria que tudo se resolvesse ainda este ano,
ou no máximo nos primeiros dias de janeiro, mas imaginar Suas Excelências
abrindo mão das férias, só por milagre.
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