terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Inferno Nacional


Crônica do entardecer

Por Hélcio Silva

(01 / 12 / 2015)

Quando eu era mais jovem gostava de ler as crônicas de Sergio Porto, de Antônio Maria, de David Nasser, de Austregésilo de Athayde e os textos porretas de Lacerda e do malucão Tenório, que escrevia, na Luta Democrática, com sua lurdinha engatilhada de lado...,também pronta para usar! 
Não havia internet e a gente só deitava nos jornais...
O Stanislaw era a peste do Sérgio... e o Sérgio a peste do Stanislaw...
Os jornais do Rio chegavam a Upaon-Açu pela Panair...
Hoje – para fugir das notícias envolvendo o Sermão do padre e as enroladas de tio Delcídio – mergulhei no éter espiritual à busca de uma crônica de Antônio Maria ou um torpedo de Lacerda... Vi o Jânio bem longe..., mas o Jânio é muito chato... Continua chato, mesmo no mundo espiritual.
E não é que encontrei um texto de Sérgio Porto! Pois é!... Inferno Nacional...  Ki diabo! Naquele tempo a gente já sabia da existência do inferno... e muitos a caminho de lá.
Pôoooo!... O Sérgio Porto não colocou a data... Mas tô lendo...
Sento-me à sombra de uma goiabeira para ler pelo menos um pedacinho da crônica do Sérgio. Peço uma goiaba para roer e sou logo informado que no mundo espiritual não se come goiaba: a goiaba é uma fruta sagrada... Lembrei-me da maçã..., que, por sinal, era do pecado... diferente da goiaba!
Começo a leitura da crônica do Stanislaw que se passa por Sérgio... E começo, depois de ajeitar o óculos:

"Diz que era uma vez um camarada que abotoou o paletó. [...] Ao morrer nem conversou: foi direto para o Inferno. Em lá chegando, pediu audiência a Satanás e perguntou:

- Qual é o lance aqui?

Satanás explicou que o Inferno estava dividido em diversos  departamentos, cada um administrado por um país, mas o falecido não precisava ficar no departamento administrativo pelo seu país de origem. Podia ficar no departamento do país que escolhesse. Ele agradeceu muito e disse a Satanás que ia dar uma voltinha para escolher o seu departamento."

Meu!..., nem vou ler o resto da crônica para não revelar as penas em cada departamento... Ah!... Se eu revelar, o tubarão infarta.

Vou parar. Não tenho dúvida, o estilo é do Sérgio; mas fico pensando..., cá comigo. Só comigo. Se naquele tempo já havia um montão de departamentos no inferno esperando os falcatruados, imaginem hoje com esse bando de gente do mensalão, da lava jato... 
Ah!... Como vão ficar os que vendiam carne enlatada para a África?... E o amigão Dilcídiuns, de velhas vivências romanas, cá hoje entre nós? E os peixes graúdos do sermão?... Sobre esta última questão, vou perguntar ao Vieira..., ou a Santo Antônio...
É melhor eu calar a boca...
Até mais ver...

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