Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora – MG
Duas atitudes são recomendadas aos discípulos à espera do
Senhor que vem. A vigilância supõe discernimento, num mundo carregado de
contradições, onde o risco de se extraviar dos caminhos de Deus é constante. O
egoísmo é o principal dos males que nos extraviam. Quem se fecha em seu pequeno
mundo, perdendo de vista os irmãos, de modo especial os mais sofredores, com
toda certeza, será incapaz de acolher o Cristo que vem. Sendo vigilante, estará
em condições de se precaver contra as solicitações do mal e se manter fiel ao
projeto de Jesus.
A oração, por sua vez, é um desdobramento da vigilância.
Orar significa estar em contínua sintonia com o Pai, cuja voz se ouve e cuja
Palavra se obedece. A oração do discípulo vigilante é feita de atenção aos
apelos do Pai, que fala através de fatos e pessoas, mesmo em situações
inusitadas. A resposta acontece em forma de atos concretos de amor solidário.
A espiritualidade do Advento exige preparar o coração para
receber o Senhor e acolhê-lo na pessoa dos pequenos e marginalizados.
Acolher a todos, indistintamente, é o mote da vida de
vigilância e de oração. A nós bispos eméritos, que deixamos o governo pastoral
de uma Igreja Pastoral por motivo de idade, nos dedicamos muito a oração. Nesse
sentido, ao tomar conhecimento de que o Papa Francisco, por limite de idade,
acolheu o pedido de renúncia do governo pastoral da Diocese da Campanha, do meu
muito querido irmão Dom Diamantino Prata de Carvalho, no dia 25 de novembro de
2015, quero unir-me a este meu irmão e convidá-lo para que na oração e no
testemunho, na esteira dos Beatos Nhá Chica e Padre Victor, possamos ser homens
da oração para evangelizar a todos os povos.
Que o Divino Espírito Santo prepare o coração de cada um de
nós, cristãos, para receber o Salvador. Que Ele faça de cada um de nós um
discípulo vigilante na oração, pronto para reconhecê-lo nos irmãos mais
pequeninos.
Abramos nosso coração. Que ele se encha de amor fraterno, a
fim de que estejamos preparados para a vinda do Senhor.
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