Dom José Alberto Moura -Arcebispo
Metropolitano de Montes Claros
Na travessia do deserto para a conquista da terra
prometida, o povo judeu, com a liderança de Moisés, teve que enfrentar, além de
tudo, combatentes de diversos povos. Um deles foi o dos amalecitas. Para isso,
como em oração, Moisés ficou de mãos levantadas. Durante esse tempo os judeus
prosseguiam vencendo os inimigos. Às vezes
ele se cansava e não conseguia erguer as mãos. Nesse tempo os amalecitas
venciam. Por isso, foram colocadas pedras para apoiar as mãos de Moisés. Então,
os adversários foram definitivamente derrotados (CF. Êxodo 178-13).
As orações são como as mãos erguidas com o suporte da fé, mostrando que não temos
armas para o combate, se não a confiança em Deus e o compromisso de buscar
nossa libertação com a força dele, aceitando a
liderança de quem Ele colocou à frente de sua Igreja. Assim temos a
segurança de andarmos na direção da vitória e da conquista da vida plenamente
realizadora do projeto divino.
Paulo fala sobre a necessidade de se viver com firmeza na
verdade que recebemos e aprendemos das Sagradas Escrituras, com o ensinamento
dele e dos demais apóstolos (Cf. 2 Timóteo 3,14-4,2). Hoje, numa sociedade de
muito relativismo, há a tentação de se aceitar qualquer ideia ou ensinamento,
não se atendo à sua autoridade competente, fonte de veracidade. Jesus, para nos dar garantia sobre a verdade e a
sabedoria dele, dá autoridade a seus apóstolos para ensinarem em seu nome:
“Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita é a mim que rejeita” (Lucas
10,16).
É bom lembrar que os apóstolos têm a incumbência de
mostrar o significado das Sagradas Escrituras: Elas não são de interpretação
particular (Cf. 2 Pedro 1,20-21).
Jesus narra a parábola da viúva que, injustiçada,
implorou a um juiz que lhe fizesse justiça.
Ele não queria ouvi-la, mas, depois de tanta insistência, resolveu
atendê-la. Do mesmo modo, Deus atende nossas súplicas perseverantes, mas devemos
manifestar nossa total confiança nele (Cf. Lucas 18,1-8). A fé não pode ser
apenas uma relação puramente vertical com Deus. Com as hastes da cruz, há uma
vertical e outra horizontal. Aliás, o evangelista João lembra que não adianta
dizer que se ama a Deus se não se ama o semelhante. Assim, a oração deve levar
a pessoa a se relacionar confiantemente com Deus, mas também tendo atitude de
compromisso de fazer sua vontade. É como o suporte das pedras sob as mãos
levantadas de Moisés.
Às vezes as mãos ou nossa fragilidade humana ficam
pesadas. Não à atoa precisamos de nos ajudar mutuamente. A oração em comunidade nos dá suporte ainda
maior. O próprio Jesus fala que, quando dois ou mais estiverem unidos em
oração, Ele está no meio. Vale a pena usarmos nossa religiosidade de
compromisso com a comunidade. Sozinhos
somos muito fracos para superarmos tantos problemas e desafios na família, no
trabalho e em todo o convívio social. Por isso, é que Jesus instituiu sua Igreja,
para nos dar força e sustentação em nossa fé.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.