quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Mãos levantadas

As orações são como as mãos erguidas com o suporte da fé, mostrando que não temos armas para o combate, se não a confiança em Deus .


Dom José Alberto Moura -Arcebispo Metropolitano de Montes Claros

Na travessia do deserto para a conquista da terra prometida, o povo judeu, com a liderança de Moisés, teve que enfrentar, além de tudo, combatentes de diversos povos. Um deles foi o dos amalecitas. Para isso, como em oração, Moisés ficou de mãos levantadas. Durante esse tempo os judeus prosseguiam vencendo os inimigos. Às  vezes ele se cansava e não conseguia erguer as mãos. Nesse tempo os amalecitas venciam. Por isso, foram colocadas pedras para apoiar as mãos de Moisés. Então, os adversários foram definitivamente derrotados (CF. Êxodo 178-13).

As orações são como as mãos erguidas  com o suporte da fé, mostrando que não temos armas para o combate, se não a confiança em Deus e o compromisso de buscar nossa libertação com a força dele, aceitando a  liderança de quem Ele colocou à frente de sua Igreja. Assim temos a segurança de andarmos na direção da vitória e da conquista da vida plenamente realizadora do projeto divino.

Paulo fala sobre a necessidade de se viver com firmeza na verdade que recebemos e aprendemos das Sagradas Escrituras, com o ensinamento dele e dos demais apóstolos (Cf. 2 Timóteo 3,14-4,2). Hoje, numa sociedade de muito relativismo, há a tentação de se aceitar qualquer ideia ou ensinamento, não se atendo à sua autoridade competente, fonte de veracidade. Jesus,  para nos dar garantia sobre a verdade e a sabedoria dele, dá autoridade a seus apóstolos para ensinarem em seu nome: “Quem vos ouve, a mim ouve; quem vos rejeita é a mim que rejeita” (Lucas 10,16).

É bom lembrar que os apóstolos têm a incumbência de mostrar o significado das Sagradas Escrituras: Elas não são de interpretação particular (Cf. 2 Pedro 1,20-21).

Jesus narra a parábola da viúva que, injustiçada, implorou a um juiz que lhe fizesse justiça.  Ele não queria ouvi-la, mas, depois de tanta insistência, resolveu atendê-la. Do mesmo modo, Deus atende nossas súplicas perseverantes, mas devemos manifestar nossa total confiança nele (Cf. Lucas 18,1-8). A fé não pode ser apenas uma relação puramente vertical com Deus. Com as hastes da cruz, há uma vertical e outra horizontal. Aliás, o evangelista João lembra que não adianta dizer que se ama a Deus se não se ama o semelhante. Assim, a oração deve levar a pessoa a se relacionar confiantemente com Deus, mas também tendo atitude de compromisso de fazer sua vontade. É como o suporte das pedras sob as mãos levantadas de Moisés.

Às vezes as mãos ou nossa fragilidade humana ficam pesadas. Não à atoa precisamos de nos ajudar mutuamente. A  oração em comunidade nos dá suporte ainda maior. O próprio Jesus fala que, quando dois ou mais estiverem unidos em oração, Ele está no meio. Vale a pena usarmos nossa religiosidade de compromisso com a comunidade.  Sozinhos somos muito fracos para superarmos tantos problemas e desafios na família, no trabalho e em todo o convívio social. Por isso, é que Jesus instituiu sua Igreja, para nos dar força e sustentação em nossa fé.

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