Hélcio Silva
(10/10/2016)
Sou lavrador. Lavro a terra fértil e caminho pelo mundo;
sonho com o cosmo, vejo as estrelas no firmamento celeste, e firmo a lua a nascer para luar a terra em todo anoitecer...
Caminho pelos espinhos da vida, complicada vida de todos
nós! Veja um mundo de fome, ainda com fome, cheio de fome!...
Passo a passo, ando pelo mundo!
Vejo rios morrendo, árvores queimadas pelo fogo criminoso
de mãos criminosas; ardendo pelo chão, seus galhos em brasa!...
Meus olhos cansados, outrora castanhos, ainda veem
crianças pedindo pão... É o fogo da fome que arde como brasa!
Fatigado, sem resistência, quase caído, o trabalhador
carrega nas costas uma carga pesada de impostos...
E vejo ladrões do dinheiro público que construíram
grandes patrimônios para o deleite de suas famílias... E crianças pobres sem
teto, sem escola e sem nada: apenas com olhos que choram e outras que nem sabem
mais chorar...
Um bem-te-vi canta! E canta a mesma canção, com a mesma
flauta e emoção...
Lavro a terra, trabalho nela; a pequena terra que tenho a
lavrar...
Um beija-flor passa lento e não para no ar; não há mais
rosa para ele beijar...
Então planto uma roseira para quando ele voltar já ter
uma rosa para beijar!...
Sou lavrador!
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