RFI – com informações da AFP
O ministro boliviano da Defesa, Reymi Ferreira, acusou
nesta sexta-feira (9) o piloto da aeronave da Lamia, que caiu em Medellín
(noroeste da Colômbia) com 77 pessoas a bordo, de "assassinato".
Miguel Quiroga voou sem combustível suficiente, segundo as investigações
preliminares.
"Definitivamente, não houve um acidente, houve um
homicídio, o que ocorreu em Medellín é um assassinato", disse Ferreira,
assegurando que se o piloto Miguel Quiroga tivesse cumprido as normas, agora
não se estaria lamentando a tragédia.
Quando um jornalista indagou se o piloto Miguel Quiroga
foi o responsável pelo fato, Ferreira respondeu: "Obviamente, se o piloto
só tivesse cumprido o que diz a norma, que é aterrissar em Cobija ou em Bogotá,
ou se pelo menos antes de se acidentar tivesse anunciado emergência desde o
começo, é possível que esta tragédia não tivesse ocorrido".
Segundo o relatório oficial de uma funcionária
aeroportuária boliviana, Quiroga teria decidido evitar as paradas em pontos de
reabastecimento de combustível. Um técnico que sobreviveu à tragédia
testemunhou também que o piloto não reportou emergência no voo. "Que
alguém se atreva a levar passageiros (..) com a gasolina exata viola um
protocolo fundamental, básico da aeronavegação civil, de que se deve ter pelo
menos uma hora e meia de autonomia de voo de onde se parte até onde vai se
chegar", destacou Ferreira. A este tipo de crítica, a viúva de Quiroga,
Daniela Pinto, respondeu pedindo publicamente na quarta-feira (7) que as
pessoas entendam que seu marido "não é nenhum monstro".
Investigações
Promotores de Brasil, Bolívia e Colômbia coordenam as
investigações das causas do acidente e, por enquanto, estão em prisão
preventiva o gerente da Lamia, Gustavo Vargas Gamboa, e o filho dele, Gustavo
Vargas Villegas, que foi chefe de registros de licenças da Direção Geral de
Aeronáutica Civil (DGAC). Além disso, a polícia emitiu uma ordem de prisão
internacional contra Celia Castedo, funcionária aeroportuária e primeira
denunciada no caso, que pediu refúgio ao Brasil. Outro sócio da companhia,
Marco Antonio Rocha, permanece em Assunção, no Paraguai, onde já se encontrava
uma semana antes do acidente.
Na queda do avião, morreram 71 das 77 pessoas a bordo,
entre elas, jogadores e dirigentes da Chapecoense,e jornalistas. Seis pessoas
sobreviveram.
Vargas admitiu há alguns dias que o avião, um BA-146
modelo RJ85, que decolou de Santa Cruz, deveria ter reabastecido na cidade
boliviana de Cobija, no extremo norte do país, antes de seguir viagem até
Medellín. Mas a aeronave não parou, nem foi reabastecida em Bogotá (capital da
Colômbia), segundo informes preliminares. Uma das principais hipóteses é que o
avião tenha caído porque ficou sem combustível pouco antes de chegar ao
aeroporto de Rionegro, que atende Medellín, no noroeste.
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