Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
Os especialistas reunidos na Conferência da ONU sobre
Biodiversidade, em Cancún, no México, afirmaram esta quarta-feira que abelhas,
borboletas, besouros e outros insetos estão sob ameaça das atividades humanas.
Eles alertam que os países devem modificar suas práticas
de agricultura para garantir que a produção das colheitas seja suficiente para
cobrir a demanda e evitar perdas econômicas.
Importância
De Cancún, em entrevista à Rádio ONU, a vice-diretora da
Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, Maria Helena
Semedo, falou sobre a importância da biodiversidade.
"Biodiversidade é vida na Terra, biodiversidade tem
a ver com o que nós comemos, com as espécies e as variedades que existem de
plantas, de animais e de peixes. É necessário preservar essa biodiversidade
para que nós possamos alimentar uma população crescente que se pensa ser de 9 a
10 bilhões em 2050. E para isso, temos que produzir mais 60% do que produzimos
hoje."
O co-presidente do painel que discute o relatório sobre
polinizadores, Simon Potts, afirmou que esses insetos afetam todas as pessoas.
Segundo ele, a comida e a bebida que as pessoas consomem, desde frutas e vegetais
até o chocolate e o café, dependem dos polinizadores.
Ele explica que esses insetos estão ameaçados e morrendo
por causa de pesticidas, da mudança climática e da agricultura intensiva.
Estudo
Um estudo sobre o assunto mostrou que 75% das safras de
alimentos e 90% das plantas dependem de alguma forma da polinização animal.
Isto significa, a transferência do pólen entre as partes masculina e feminina
das plantas para que elas possam fertilizar e se reproduzir.
O valor anual das colheitas agrícolas que dependem de
polinização chega a US$ 577 bilhões. Sem a polinização, plantações de café,
cacau e maçãs, por exemplo, vão ser duramente atingidas e as perdas podem
atingir US$ 191 bilhões em todo o mundo.
A maioria dos polinizadores é considerada selvagem, são
mais de 20 mil espécies de abelhas, algumas de moscas, borboletas, mariposas,
vespas, besouros, pássaros, morcegos e outros vertebrados.
Os especialistas afirmam que 16% dos polinizadores
vertebrados e mais de 40% dos invertebrados estão sob ameaça de extinção.
Para combater o problema, os países devem promover
práticas agrícolas sustentáveis e criar reservas para esses polinizadores em
áreas rurais e urbanas.
Outras recomendações são uma rotação das safras
plantadas, reduzir o uso de pesticidas e utilizar, quando possível, o
conhecimento indígena local.
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