sábado, 21 de janeiro de 2017

Poesia de Raimunda Lucinda

A ROUPA NOVA DO REI...

Percebo entre linhas
alinhavos da vida
costuras cheias de
fuxico onde foram deixados
pedaços sem pontos costurados...
Cerzir de que maneira
se a linha ficou sem cor
rasgou-se o pano bem na
parte da penumbra do tempo
que envelheceu o vestido que
descosturou a manga
e ainda sem querer, deixou aparecer uma
linha velha que se desmancha?...
Eita, o que fazer com a roupa
invisível do rei?
Quem será o louco que dirá
que não há roupa nenhuma a
lhe cobrir as vergonhas?
Os costureiros da vida se olvidaram
que o tempo acaba por mostrar de que
linha realmente foi feita cada fuxico,
alinhavo, cada remendo na roupa
dos que querem viver com olhos
voltados para o outro e mentir
para o rei, para que não seja descoberto
que quem mente para ele, antes de tudo
engana a si mesmo...

(20/01/2015)

Raimunda Lucinda Martins




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