Leda Letra, da ONU News em Nova Iorque.
O Dia Mundial da Saúde é celebrado nesta sexta-feira, 7
de abril, com a Organização Mundial da Saúde, OMS, incentivando que as pessoas
conversem sobre um problema que afeta 300 milhões de pessoas: a depressão.
A agência da ONU destaca que o número de pacientes
aumentou 18% entre 2005 e 2015. Mas falta apoio às pessoas que sofrem de
doenças de saúde mental.
Sintomas
Com medo do estigma, muitos pacientes evitam buscar
tratamento e acabam não conseguindo ter uma vida produtiva. A ONU News
entrevistou o psiquiatra José Bertolote, professor da Faculdade de Medicina de
Botucatu.
Bertolote explica que a depressão é a "doença mais
democrática" que existe, porque afeta pessoas de todas as faixas etárias.
Mas os sintomas podem ser diferentes.
"A pessoa que fica só em casa, deitada, chorando, se
lamentando, essa é uma apresentação muito mais frequente em mulheres. Em
homens, muitas vezes a depressão se manifesta ou por agressividade,
comportamento violento e uso de álcool e drogas. Em adolescentes, nós podemos
ter diversos tipos de comportamento, tipo impulsivo, comportamento que não respeita
limites e isso pode ser a expressão de uma depressão."
Pânico
Segundo o psiquiatra José Bertolote, a depressão é comum
em pessoas com quadros prolongados de transtornos de ansiedade. Já os pacientes
que sofrem de síndrome do pânico podem desenvolver a depressão.
A consultora Margarida Fonseca há alguns meses sofreu seu
primeiro ataque de pânico. De Lisboa, ela garantiu à ONU News que falar sobre o
problema tem sido fundamental na sua recuperação.
"Quando eu pedi ajuda, pedi sempre a profissionais
de saúde. Quando recorri a familiares, foi quando a situação já estava mais
controlada. Mas acho que é importante as pessoas falarem e partilharem. Acho
que ainda há muito estigma associado a esses tipos de situações. O maior
estigma é achar que nós podemos controlar. E não, não conseguimos controlar. Há
muitas pessoas que se suicidam exatamente nos momentos em que não controlam. E
não podemos minorizar isso, não podemos mesmo."
Tratamento
Margarida Fonseca continua fazendo acompanhamento médico
e segundo o psiquatra José Bertolote, na dúvida, é sempre bom buscar ajuda. O
especialista explica que se o estado de tristeza for mais intenso do que se
espera ou se durar mais de um mês, pode ser sinal de depressão e avaliação
profissional é indicada.
A Organização Mundial da Saúde também aproveita para
ressaltar a importância de mais investimentos públicos em problemas de saúde
mental. Para cada US$ 1 investido em tratamentos para depressão e ansiedade,
existe um retorno de US$ 4 em melhorias da saúde do paciente e habilidade em
poder trabalhar.
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