Crônica do Entardecer
Hélcio Silva
23 de maio de 2017
Médico de antigamente era no olho, no toque e na
indagação.
São Luís daquele tempo era uma cidade de 300 mil
habitantes: chutando pra mais dava isso!... A cidade começava na praia do caju
e, em linha reta, terminava no bangalô do "seu" Cesar (Cesar Aboud),
que foi também governador do Maranhão.
"Seu" Cesar era dono do Moto Club e da Fábrica
Santa Izabel.
Pois bem! Mas eu falava era do médico de antigamente...
Vestia-se de branco e sempre segurando sua maletinha,
onde havia tudo do que precisava para as consultas. Quando chamado, para ver o
doente em casa, era recebido com bondosa alegria e respeitosa gentileza, como
se fosse uma esperança de vida, mesmo se o caso fosse de gravidade.
O exame era geral, iniciando-se com conversas e muitas
perguntas ao doente (se pudesse falar) e aos familiares. O médico via os pés, examinando-os com aperto do polegar em
determinados pontos. Batia com seu martelinho em áreas vitais na canela e
joelho do paciente para sentir o reflexo, apertava com dedos e mãos a barriga
do examinado, fazendo também escuta de como eram as batidas do coração. Examinava
os olhos, garganta e ouvidos, além de observar cuidadosamente a respiração do
doente...
Voltava, em seguida, às novas sessões de perguntas,
incluindo de como eram as fezes, a urina e a intensidade das
dores, se as houvesse... Só então dava a palavra final sobre a doença, com
quase 100% de acerto...
Mas nunca escapava da pergunta final, mesmo antes de
passar os remédios: Doutor, ele vai ficar bom?... Ou então, Doutor ela vai
ficar boa?...
Esse médico não existe mais... Sumiu...
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