Edgard Júnior, da ONU News em Nova Iorque.
O relator especial da ONU sobre Direito à Saúde, Danius
Pûras, disse que o mundo precisa de uma "revolução" no sistema de
cuidados de saúde mental.
Em relatório apresentado ao Conselho de Direitos Humanos,
em Genebra, esta quarta-feira, Pûras pediu aos Estados-membros e psiquiatras
que ajam com coragem para reformar um sistema em crise construído sob medidas
ultrapassadas.
Violência
Segundo ele, essa reforma é necessária para acabar com
"décadas de negligência, abuso e violência".
O relator especial afirmou que "a saúde mental é
grosseiramente negligenciada pelos sistemas de saúde no mundo inteiro".
Pûras quer que os países deixem de usar práticas e
conhecimentos tradicionais e permitam uma mudança para uma abordagem baseada
nos direitos das pessoas.
Ele deixou claro que o quadro atual é simplesmente
inaceitável. Na sua opinião, "são necessários compromisso políticos
ousados, medidas de resposta urgentes e ações imediatas".
Crise
Para o relator da ONU, as políticas e serviços de saúde
mental estão em crise, não uma crise de "desequilíbrios químicos, mas de
desequilíbrios de poder".
No pronunciamento no Conselho de Direitos Humanos, Pûras
afirmou que muitos países continuam dependendo basicamente do uso de
psicotrópicos.
Segundo ele, grupos médicos, apoiados pela indústria
farmacêutica, mantêm o poder tendo como base dois conceitos ultrapassados: as
pessoas que sofrem de problemas mentais são perigosas e as intervenções
biomédicas são clinicamente necessárias em muitos casos.
O relator especial afirmou que essas medidas servem para
perpetuar o estigma e a discriminação.
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