Sebastião Nery
RIO – Em 1946 quando o mundo saia do horror da Segunda
Guerra o pensador Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde) sacudiu a universidade
e os intelectuais brasileiros com um livro fundamental sobre o Brasil: “A Voz
de Minas”.
Dias atrás o jornal “Estado de Minas” também convocou o
país em uma proclamação nacional: “A Voz da Globo”, do consagrado advogado,
jurista e escritor Sacha Calmon, Doutor em Direito pela Universidade Federal de
Minas Gerais:
– “Qual a razão do protagonismo político da organizações
Globo? Os Marinhos atuais não se igualam ao pai, mais prudente. Por onde vou –
a parcialidade é tão visível – perguntam-me, sem que eu possa saber, o porquê
de o grupo querer derrubar Temer. Respondo não conceber a causa, mas suponho
que tiveram interesses contrariados, ou estão a serviço de um grupo político
que não sei qual é, ou é por idiossincrasia (não é o PT, se é que há o tal
grupo político).
Nenhum veículo jornalístico, escrito, falado ou visual
chegou a tamanhos arroubos políticos contra a Presidência, esquecido de que o
negócio televisivo depende de concessão do governo federal. A campanha é de alto risco. E já começam a circular boatos. Sempre
boatos. Precedem os fatos ou deles se desprendem, justamente porque saem de
inquéritos em andamento ou das inconfidências propositais ou não (vazamentos).
A boataria se espalha como erva daninha.
Dizem uns que certos planejamentos tributários das
Organizações Globo, para acomodar seus negócios no exterior, escamoteando
receitas, lograram ficar em segredo, mas vieram à tona no governo Temer (não
que o presidente determinasse), tanto que se indagou aos Marinhos a razão de
tanto ataques ao governo, sem obter resposta, ao que pude apurar. De fato, o
governo do presidente Temer surpreendeu-se com a virulência dos ataques, em
todos os programas televisivos e pela imprensa escrita (O Globo). Corre por aí,
entretanto, que foi a própria Receita Federal que fez a “delação” do passivo
tributário do grupo, que não parece estar tão bem como aparenta. Mandou embora
muita gente e se endividou com as novas instalações do grupo, que teriam
custado uma fortuna.
O que se sabe com certeza é que a dita organização se deu
muito bem com a ditadura militar, isso pode-se assentar sem medo de errar, como
não se pode negar o ideário liberal que sempre adotou. E, por isso, deriva a
estranheza de tantos com a atual linha editorial, diuturna e planejada. Se o Temer
arrotar num jantar, dá manchete no jornal da noite e, certamente, no jornal
escrito.
O que me estarrece mesmo é essa politicalha no maior
veículo da imprensa nacional, neste momento tão grave por que passa o país.
Depois de Lula e Dilma emitiram bilhões e bilhões de títulos em reais para
capitalizar o BNDES, que, à sua vez, capitalizou os “campeões nacionais” do PT,
como os irmãos canalhas Joesley e Wesley, do JBS, e Eike, o país travou. De
superávits primários crescentes, desde que FHC saneou as finanças com o plano
real, passamos a ter déficits primários crescentes, e exponenciais crescimentos
anuais da dívida pública, que pode chegar (carry over) a 90% do PIB.
Então o que explica as Organizações Globo olhar com
antipatia para fazer política pirrônica a um governo que limitou por emenda
constitucional o teto de gasto público, segurou as burras do Tesouro,
encaminhou as reformas trabalhista, previdenciária e logo a tributária e fez
que a economia retomasse seu curso ascendente?”
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