Jorge Oliveira
Rio - Como o Rio não tem alternativa política para sair
da crise, provocada por governantes incompetentes, corruptos e desonestos, eis
que surge uma luz no fim do túnel. E quem está com uma lanterna clareando os
corredores escuros para combater os negócios escusos da tropa do Sérgio Cabral
é o juiz Marcelo Bretas, que tenta trazer de volta o dinheiro roubado pela
quadrilha. Ele começa agora a botar também na cadeia os auxiliares do
ex-prefeito Eduardo Paes, depois que puniu os secretários do ex-governador e
seus comparsas. Espera-se, assim, recompor as finanças do Rio depois de
encarcerar esses maus elementos que se assemelham às organizações criminosas
que atuam em assaltos e no tráfico de drogas da cidade.
Marcelo Bretas é um juiz casca grossa. Mostrou isso
quando prendeu o ex-bilionário Eike Batista, que mudou o visual depois que
deixou o presídio de Bangu sem a peruca.
Eike é aquele cara que divulgava doações milionárias ao governo do Rio,
enaltecido pelos jornais cariocas como filantrópico de programas sociais.
Sabe-se agora, com a sua prisão, que tudo não passava de uma farsa: Eike era
abastecido pelo esquema de corrupção de Sérgio Cabral. Para mascarar a manobra,
ele distribuía uns trocadinhos do dinheiro surrupiado.
O juiz Marcelo
Bretas, que está à frente das operações, é um homem simples que nasceu em 1970
em Nilópolis, na Baixada Fluminense. Evangélico, avesso a badalações, é casado
com uma juíza. Estudioso do direito, esteve na lista para assumir a vaga de
Teori Zavascki. Trabalha com uma equipe de eficientes procuradores que formaram
um esquadrão para catar corruptos na esfera federal, estadual e municipal. A
tropa quer saber, sobretudo, para onde foi o dinheiro público desviado das
obras dos grandes eventos do Rio.
O Rio recebeu investimentos de 40 bilhões para
infraestrutura dos eventos que ocorreram na cidade. Esse dinheiro movimentou a
economia e, claro, o bolso dos auxiliares do prefeito Eduardo Paes, antigo
algoz dos petistas quando participou, como deputado, da CPI dos Correios na
Câmara Federal. Serviu também para permitir uma vida pomposa de luxo e
ostentação ao casal Cabral, que vivia no exterior torrando o dinheiro que
deveria beneficiar o povo que o elegeu. Foi usado também para corromper
servidores públicos municipais, donos de mansões onde estão instalados os
cofres que guardam o dinheiro da propina.
O juiz Marcelo Bretas, com rigor, está aplicando a lei.
Depois dos auxiliares de Cabral, agora atrás das grades, ele determinou a
prisão dos homens de Eduardo Paes. E começou pelo secretário de Obras,
Alexandre Pinto, que cobrava 1% de propina das construtoras e alguns fiscais
municipais. O Ministério Público acusa Pinto de embolsar 37 milhões de reais
pelas obras do BRT Transcarioca e do Programa de Recuperação Ambiental da Bacia
de Jacarepaguá.
O suborno, que saia das empreiteiras, provocava uma lesão
irreparável na qualidade das obras. O desembolso de dinheiro para esses
meliantes representava menos qualidade do serviço, pois essas obras não eram
vigiadas adequadamente já que os fiscais faziam vista grossa para a má
qualidade do material usado. O complexo do Parque Olímpico, na Zona Oeste do
Rio, por exemplo, parece feito de papelão, não resiste a um pingo d’água.
O mal que esses senhores causaram ao Rio de Janeiro não
tem precedente na história do estado. Eles eram chefiados por Sérgio Cabral e
Eduardo Paes e tinham carta branca para negociar com as empreiteiras
responsáveis pelo pagamento das campanhas eleitorais de ambos. Cabral está
preso e já foi condenado. Ainda resiste a fazer delação na esperança de ser
absolvido em outros processos. Eduardo Paes vive nos EUA. Deixou a prefeitura
tão logo terminou o mandato para fugir do noticiário, uma estratégia que até a
prisão do seu secretário de Obras estava dando certo. Agora, atrás das grades,
Pinto vai pensar se quer mesmo permanecer lá dentro sozinho ou quer dividir a
cela com seus chefes que ainda gozam de uma vida luxuosa como ele tinha até ser
preso.
Nos EUA, o prefeito Eduardo Paes distribuiu uma nota para
a imprensa que parece mais uma de suas brincadeiras: “Se isso (a corrupção do
Pinto) realmente ocorreu, para mim, é uma decepção”. O carioca já se acostumou
com essas gozações do Paes. Lembra-se do que ele disse sobre Maricá?
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