terça-feira, 15 de agosto de 2017

Tela mental e as dores morais

Djalma Santos*



       “Naqueles que, ao contrário, têm a consciência tranquila e pura, na vida material, já identificada com a vida espiritual, desprendido das coisas terrenas, o trespasse ou morte é rápido, sem abalos, ou quase nulo o despertar do outro lado da vida”. (Alan Kardec - O Céu e o Inferno. Primeira parte. Cap. VII, item 22)

Djalma Santos

       O medo pelo que se vai encontrar depois da morte, deixa milhares e milhares de seres humanos quase que petrificados, devido à falta de informações desse assunto quase secreto, que mexe com a cabeça das pessoas, ao ponto de uma senhora ter me abordado depois de uma palestra, declarando o seguinte: Estou com muito medo do que eu vou encontrar depois da morte!, dizem que existem muitas armadilhas no mundo espiritual, no que eu respondi: A senhora deve se preocupar com o que vai levar,  porque Deus não seria sumamente justo, misericordioso e bom, se preparasse armadilhas para os seus filhos!... E ela retrucou: “Então como funciona”? Eu disse: Nós levamos essas armadilhas. O ódio, rancor, ressentimento, raiva, maledicência, orgulho, egoísmo, mentira, maldade, crueldade e perversidade, são algumas das armadilhas que levamos daqui da Terra, além de crimes, falcatruas, apropriações indébitas, escândalos, luxúria, sensualidade, que também correspondem ao lixo mental que carregamos para o outro lado da vida.


       Todos aqueles que procuram pautar suas vidas de acordo com os ensinamentos de Jesus, não precisam temer absolutamente nada, pois não vão encontrar nenhum tipo de armadilha, nem dor nem sofrimento, pelo fato de terem cumprido aqui no Planeta com seus deveres e ordenações humanas; se afastando das viciações, e praticando o amor puro e desinteressado, sem invadir fronteiras alheias. Encontraremos na nossa vida como espíritos no além, exatamente o que plantamos aqui enquanto vivos, colhendo consequentemente frutos doces ou amargos, de acordo com as nossas ações no campo do bem ou do mal, sem que a culpa seja de ninguém, mas totalmente nossa. Nossa finalidade aqui na Terra, como espíritos imortais que somos, é conservar a consciência pura e imaculada de vícios, desejo e paixões, aguardando a morte com paciência e religiosidade sempre ao lado de Jesus.

       As dores que os espíritos experimentam depois que atravessam as águas enigmáticas do rio da morte são dores morais, proporcionadas pelos erros, ilícitos, ou atos degradantes ou impuros, que perturbam o cérebro e a mente imortal; que depois da morte, não tendo mais o corpo físico para descarregar os corrosivos, sobrecarregam a mente humana, que não suportando o acúmulo das imperfeições, provocam  no íntimo do espírito infrator as chamadas “dores da alma”, que certamente são mais dolorosas que as dores físicas; porque partem do coração, e nenhum tipo de medicação material pode dar jeito; restando apenas a prática do remorso e do arrependimento, que quando sinceros, podem provocar um alívio temporário, dando ensejo a uma nova reencarnação, a fim de reparar os erros do passado.

       A mudança de hábitos, pendores, tendências, e a vontade firme de se entregar ao trabalho no bem, esforçando-se para perdoar a todos, além de dedicar tempo aos sofredores do mundo; aliando a bons pensamentos e atos meritórios perante a vida, amenizam as dores e os sofrimentos, angariando paz e alegria para o infrator das Leis Divinas. Nesses casos, depois da morte, o acordar é sereno e confortante, podendo receber entes queridos que partiram antes, e que o aguardava com muita ansiedade. Uma vez no mundo espiritual, não temos como fugir dos nossos desafetos, e exatamente por isso, devemos resolver nossas questões com o próximo, enquanto estamos caminhando com ele, porque do outro lado da vida, nem sempre temos a oportunidade de pedir perdão pelos nossos erros.

       Precisamos ainda relembrar a frase bombástica de Jesus, quando afirmou categoricamente: “Antes de qualquer sacrifício ou oferenda, vá primeiro à casa do seu adversário e reconcilia-te com ele, porque agrada muito mais a Deus a reconciliação do que a prece, sacrifício ou oferenda”. Com essa assertiva, Jesus deixou claro de uma forma cabal e completa de que tudo se resolve aqui, mas nós ainda insistimos em deixar tudo para o além da vida, sem mesmo termos certeza, de que teremos oportunidade de nos reconciliarmos com os outros.

       Entrega-te à vigilância diuturna nesses dias tumultuados da vida terrena, permanecendo impassível diante dos temores, e de todo o tipo de maldade que possa presenciar, porque a melhor maneira de provarmos a nossa fé é guardando silêncio e nos prepararmos para a grande viagem que é a morte do corpo físico, quando certamente encontraremos a nossa própria consciência imortal, além de presenciarmos com os “olhos espirituais” o famoso “telão”, que nos mostrará de uma forma cabal os atos que praticamos no campo da carne durante a vida física de muitos anos, e que certamente havíamos esquecidos, mas agora, sem a indumentária corporal, se escancara à nossa frente, a fim de nos indicar o caminho da verdade.

*Djalma Santos é escritor e palestrante espirita

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