“Naqueles
que, ao contrário, têm a consciência tranquila e pura, na vida material, já
identificada com a vida espiritual, desprendido das coisas terrenas, o
trespasse ou morte é rápido, sem abalos, ou quase nulo o despertar do outro
lado da vida”. (Alan Kardec - O Céu e o Inferno. Primeira parte. Cap. VII, item
22)
Djalma Santos
O medo pelo
que se vai encontrar depois da morte, deixa milhares e milhares de seres
humanos quase que petrificados, devido à falta de informações desse assunto
quase secreto, que mexe com a cabeça das pessoas, ao ponto de uma senhora ter
me abordado depois de uma palestra, declarando o seguinte: Estou com muito medo
do que eu vou encontrar depois da morte!, dizem que existem muitas armadilhas
no mundo espiritual, no que eu respondi: A senhora deve se preocupar com o que
vai levar, porque Deus não seria
sumamente justo, misericordioso e bom, se preparasse armadilhas para os seus
filhos!... E ela retrucou: “Então como funciona”? Eu disse: Nós levamos essas
armadilhas. O ódio, rancor, ressentimento, raiva, maledicência, orgulho,
egoísmo, mentira, maldade, crueldade e perversidade, são algumas das armadilhas
que levamos daqui da Terra, além de crimes, falcatruas, apropriações indébitas,
escândalos, luxúria, sensualidade, que também correspondem ao lixo mental que
carregamos para o outro lado da vida.
Todos
aqueles que procuram pautar suas vidas de acordo com os ensinamentos de Jesus,
não precisam temer absolutamente nada, pois não vão encontrar nenhum tipo de
armadilha, nem dor nem sofrimento, pelo fato de terem cumprido aqui no Planeta
com seus deveres e ordenações humanas; se afastando das viciações, e praticando
o amor puro e desinteressado, sem invadir fronteiras alheias. Encontraremos na
nossa vida como espíritos no além, exatamente o que plantamos aqui enquanto
vivos, colhendo consequentemente frutos doces ou amargos, de acordo com as
nossas ações no campo do bem ou do mal, sem que a culpa seja de ninguém, mas
totalmente nossa. Nossa finalidade aqui na Terra, como espíritos imortais que
somos, é conservar a consciência pura e imaculada de vícios, desejo e paixões,
aguardando a morte com paciência e religiosidade sempre ao lado de Jesus.
As dores que
os espíritos experimentam depois que atravessam as águas enigmáticas do rio da
morte são dores morais, proporcionadas pelos erros, ilícitos, ou atos
degradantes ou impuros, que perturbam o cérebro e a mente imortal; que depois
da morte, não tendo mais o corpo físico para descarregar os corrosivos,
sobrecarregam a mente humana, que não suportando o acúmulo das imperfeições,
provocam no íntimo do espírito infrator
as chamadas “dores da alma”, que certamente são mais dolorosas que as dores
físicas; porque partem do coração, e nenhum tipo de medicação material pode dar
jeito; restando apenas a prática do remorso e do arrependimento, que quando
sinceros, podem provocar um alívio temporário, dando ensejo a uma nova
reencarnação, a fim de reparar os erros do passado.
A mudança de
hábitos, pendores, tendências, e a vontade firme de se entregar ao trabalho no
bem, esforçando-se para perdoar a todos, além de dedicar tempo aos sofredores
do mundo; aliando a bons pensamentos e atos meritórios perante a vida, amenizam
as dores e os sofrimentos, angariando paz e alegria para o infrator das Leis
Divinas. Nesses casos, depois da morte, o acordar é sereno e confortante,
podendo receber entes queridos que partiram antes, e que o aguardava com muita
ansiedade. Uma vez no mundo espiritual, não temos como fugir dos nossos
desafetos, e exatamente por isso, devemos resolver nossas questões com o
próximo, enquanto estamos caminhando com ele, porque do outro lado da vida, nem
sempre temos a oportunidade de pedir perdão pelos nossos erros.
Precisamos
ainda relembrar a frase bombástica de Jesus, quando afirmou categoricamente:
“Antes de qualquer sacrifício ou oferenda, vá primeiro à casa do seu adversário
e reconcilia-te com ele, porque agrada muito mais a Deus a reconciliação do que
a prece, sacrifício ou oferenda”. Com essa assertiva, Jesus deixou claro de uma
forma cabal e completa de que tudo se resolve aqui, mas nós ainda insistimos em
deixar tudo para o além da vida, sem mesmo termos certeza, de que teremos
oportunidade de nos reconciliarmos com os outros.
Entrega-te à
vigilância diuturna nesses dias tumultuados da vida terrena, permanecendo
impassível diante dos temores, e de todo o tipo de maldade que possa
presenciar, porque a melhor maneira de provarmos a nossa fé é guardando
silêncio e nos prepararmos para a grande viagem que é a morte do corpo físico,
quando certamente encontraremos a nossa própria consciência imortal, além de
presenciarmos com os “olhos espirituais” o famoso “telão”, que nos mostrará de
uma forma cabal os atos que praticamos no campo da carne durante a vida física
de muitos anos, e que certamente havíamos esquecidos, mas agora, sem a
indumentária corporal, se escancara à nossa frente, a fim de nos indicar o
caminho da verdade.
*Djalma Santos é escritor e palestrante espirita
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