Não vejo como fácil evangelizar crianças. Evangelização infantil, seja em qual for a religião, é uma tarefa nobre, mas exige, dos que evangelizam, uma atenção e acompanhamento muito além do que é ensinado na sala de aula (sala de evangelização). O evangelizador (a) precisa conhecer a família e, por vezes, orientar também os país, que são, querendo ou não, parte do processo.
Li agora pela manhã, neste dia de Natal, uma crônica de Humberto Rodrigues Neto, no site A ERA DO ESPÍRITO, com o título "Sonho de Criança".
Duas crianças conversam seus problemas. O que conversam? O que entendem, por exemplo, sobre reencarnação?... Por que uma criança triste quer voltar como uma televisão?...
Repasso aos leitores a crônica de Humberto Rodrigues Neto... Que seja motivo para uma boa reflexão!
SONHO DE CRIANÇA
Humberto Rodrigues Neto
(Da Era do Espírito)
Após o
término da aula de Evangelização Infantil, no Centro Espírita, Raquel, uma das
meninas, conversa com sua coleguinha Márcia, que se encontra algo triste:
— Marcinha...
Está havendo algum problema com você?
— Não... Por
que você está me perguntando isso?
— Porque
hoje, na classe, achei que você estava um pouco triste...
— É... Ando
um pouco chateada. São os meus pais, sabe?
— Que é que
têm seus pais?
— Sei lá...
às vezes fico pensando que eles gostam mais da televisão do que de mim.
— Que é isso?
Mas que bobagem!
— Bobagem?
Olha: quando a minha mãe está vendo a novela eu não posso dar um pio. Não
permite que eu abra a boca! Isso é vida?
— Mas, Raquel...
não pense que a minha mãe seja muito diferente. É claro que às vezes, durante o
intervalo, me ajuda em alguma dúvida nas lições da escola, por exemplo.
— Ah, então
sua mãe é um pouco mais legal que a minha. E o seu pai?
— Bem... aí a
coisa fica um pouco mais difícil. Mesmo assim, uma vez ou outra ele me dá um
pouco de atenção enquanto está assistindo ao futebol.
— Pois com
meu pai já é bem diferente.
— É mesmo?
Como, assim?
— Ah... ele
chega em casa, joga a pasta e o paletó numa cadeira e nem sequer me dá um
beijo. Liga a televisão no futebol ou no noticiário e não quer nem saber de
nada. Só me dá alguma atenção nos intervalos, e mesmo assim, ó... bem
rapidinho, sabe?
— Eu entendo,
Marcinha... Mas, quantas vezes a D.ª Izabel, nossa Evangelizadora, não nos
disse para termos paciência com nossos pais? Às vezes sua mãe pode estar
cansada, e...
— Cansada?
Cansada disso tudo ando eu, Raquel!
— Calma,
amiguinha... Calma... Vamos devagar.
— E se a
televisão queima... Ah... não dá outra: Eles correm como uns loucos e mandam
consertá-la num instantinho. Não conseguem passar nem um dia sem ela!
— E quem é
que passa sem televisão? O conserto tem que ser rápido, mesmo!
— Só que lá
em casa, o conserto da TV é “vapt-vupt”! Mas quando é para me comprar um
vestido novo... Chiii... aquilo demora séculos!
— Mas, isso
são provas que temos de sofrer nesta encarnação, conforme ouvi numa palestra.
— Eu sei
disso, Raquel. Eu também aprendi numa palestra que a gente pode escolher o tipo
de vida que deseja ter na outra encarnação. Só assim é que eu vou conseguir
acabar com essa falta de atenção do meu pai e da minha mãe.
— Já sei.
Você vai pedir para nascer em outro lar, como filha de outros pais, que sejam
mais compreensivos?
— Não,
Raquel! Isso não. Eu gosto muito deles dois. Vou pedir para tornar a nascer no
mesmo lar.
— Espere um
pouco, Marcinha! Não entendi. Desse jeito os seus problemas vão continuar.
— Não vão,
não, Raquel. Já pensei em tudo, amiguinha! Nessa nova casa meus pais de hoje
vão me adorar!
— Mas, de que
forma você vai conseguir isso?
— Eu vou
pedir para ser a televisão!
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