( De Carlos Henriques de Araújo)
Primeiro
eles entraram no meu quintal
Levaram as
galinhas e os perus
Não me
importei com isso
Afinal eles
estavam com fome e quase nus
Depois eles
entraram na minha casa
Levaram o
som que estava na salaNão me importei com isso
Seu filho
estava com fome e não se cala
Outro dia,
eles arrombaram o meu carro
Roubaram o
cd e a bolsa com alguns trocados
Mais uma
vez, não me importei com isso
Afinal eles
são pobres e desempregados
Disseram que
estavam com meu filho amordaçado
Mas como meu
filho estava no seu quarto, dormindo
Não me
importei com isso nem fiquei preocupado.
Ontem,
quando chegava em casa com minha mulher
Eles me
apontaram um revolver e gritaram, sem hesitar,
Passa o
relógio, a bolsa e a chave do carro, seu Mané!
Como não
tinha alternativa, dei-lhes tudo, até o celular.
Hoje, minha
casa tem muro alto, cerca elétrica,
grades de
ferro, câmaras e dois pastor alemão
Vivo dentro
de casa e quase não vou a rua
Minha casa parece uma prisão.
Agora me
sinto como um passarinho,
Sem
liberdade de ir e vir
Preso em meu
próprio ninho
Enquanto os
ladrões andam por aí,
Soltos,
tranqüilos e sem serem incomodados
Aguardando a
hora de assaltar meu vizinho.
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