quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Dor, punição e calma

O título acima é do artigo que o jornalista Juca Kfouri publicou hoje sobre o episódio por ocasião do jogo entre Corinthians e San José. Não apenas Juca Kfouri escreveu sobre a violência que resultou na morte de um jovem adolescente de 14 anos. O assunto ganhou destaque em todos os noticários.
Denilson, ex-jogador de futebol e hoje comentarista da TV Bandeirates, disse que futebol não é violência, é vida.
Tite, técnico do Corinthins, afirmou que trocaria o título de campeão do mundo pela vida do garoto...
Furebol é arte, é alegria, é emoção. A violência deve ser excluída de todo esporte... Esporte, como disse Denilson, é vida, é confraternização...
Torcidas organizadas ou uniformizadas poderiam e deveriam existir, porém, sempre com a bandeira da Paz... Esperamos que isso aconteça... O futebol não pode acabar, o que tem de acabar é a violência
Transcrevo o artigo de Juca Kfouri, publicado hoje no portal UOL:

Dor, punição e calma

Juca Kfouri

Nenhuma punição aos responsáveis diretos, ou indiretos, pela morte de um torcedor no estádio é suficientemente radical.
Radical é a morte nas arquibancadas.
Excluir o clube do torneio?
Pode ser, por que não?
Ah, mas o clube não pode ser punido por causa de um bandido, até porque todos têm bandidos entre seus torcedores, como têm padres.
Sim, mas os clubes, em regra, financiam esses bandidos e não os padres, aqui entendidos como os torcedores comuns, a Fiel, no caso do Corinthians, cuja marca uma torcida uniformizada tentou se apropriar.
Obrigar o clube a mandar seus jogos  com portões fechados?
Pode ser, por que não?
Ah, mas milhões (de padres) não podem ser punidos por causa de um bandido.
Sim, mas, então, qual a solução?
Punir o San José porque organizador do jogo?
É, a questão é repleta de nuances, mas a única solução inaceitável para ela é a impunidade.
E, repita-se, nada é mais radical do que morrer num campo de futebol atingido por um sinalizador, um rojão, o que for.
Por ironia,  aqui se propôs que o Corinthians, do alto da sua força moral adquirida com a conquista da Libertadores, deveria exigir mudanças civilizatórias no torneio sob pena de não mais disputá-lo.
Eis que o clube está, agora, diante do risco de ser dele excluído pela selvageria de um, de dois, de doze dos seus torcedores.
Mas é preciso ter muita calma nesta hora.
Primeiramente, para provar o que parece óbvio, ou seja, a culpa dos que estão detidos.
E, depois, não transformar a nova tragédia em mais uma guerra clubística imbecil.
Desnecessário lembrar que a estupidez, infelizmente, não é monopólio de nenhuma torcida e que todas elas já causaram mortes por onde passaram.
Os torcedores corintianos  (outra bobagem é dizer que não são verdadeiros torcedores corintianos, porque são sim) que estão detidos são:
Leandro Silva de Oliveira (21 anos), Tadeu Macedo Andrade (30 anos), Reinaldo Cohelo (35 anos), José Carlos da Silva Júnior (20 anos), Marco Aurélio Mecere (31 anos), Danielo Silva de Oliveira (27 anos), Hugo Nonato (27 anos), Clever Souza Clous (21 anos), Cleuter Barreto Barros (24 anos), Fávio Neves Domingos (32 anos), Rafael Machado Castilho Araújo (18 anos) e Tiago Aurélio dos Santos Ferreira (27 anos).
Alguém os conhece?
As torcidas uniformizadas os reconhecerão como seus sócios?
E aí, ex-promotores de Justiça, um que de tão incapaz virou deputado tucano e outro, igualmente, licenciou-se para virar funcionário do ministério do Esporte, cadê os cadastros desta gente?


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