Carlos Chagas
Magalhães Pinto era presidente do Senado Federal, quando
o regime militar já havia perdido o frágil apoio que recebera da opinião
pública em 1964. De repente, os generais foram surpreendidos pelo fenômeno da
fadiga dos metais. “Um avião ficou anos transportando passageiros de uma cidade
para outra sem o menor acidente ou dificuldade técnica. Só que um dia explodiu.
Não houve erro do piloto, nem tempestade, sequer gasolina adulterada ou
sabotagem. Simplesmente, explodiu. A causa foi afinal detectada: fadiga dos
metais, que se recusaram, não aguentaram mais voar.”
Isso aconteceu com a ditadura que nos assolava, hoje
acontece com o sistema de governo estabelecido desde a ascensão do PT ao
governo. O climax da exaustão do regime chegou em meio ao processo de
impeachment de Dilma Rousseff. A performance do modelo incinerado por Madame
chegou ao limite, ontem, quando seus últimos defensores, encenando uma
pantomima sem graça, sustentaram que o Senado não tinha moral para julgá-la,
nem o Supremo Tribunal Federal, muito menos as instituições pelas quais somos
regidos. Explodiram a ex-presidente e junto com ela tudo o que restou da
aventura da Nova República. Nem se fala do papelão das três senadoras e do
senador que compunham o quarteto funerário. Foram apenas os coveiros, mostrando
até onde pode ir a ignorância humana.
Gleise, Vanessa, Fátima e Lindberg, acolitados por mais
um monte de obstinados, conseguiram botar o país em frangalhos, com a
colaboração de seus adversários. Por quase três horas impediram o
desenvolvimento de um processo constitucional que poderia encerrar uma sequela
banal.
Entre procrastinações e agressões, contribuíram para
demonstrar à população que tudo deve começar de novo. Mesmo sem eles, seus partidos
políticos, suas leis, seus poderes e até seus eleitores.
Dilma já estava condenada, semanas atrás. A sentença
sairá em alguns dias, caso o processo no Senado se estenda mais um pouco. Como
recomeçar parece cada dia mais dificil...
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