*Jorge Oliveira
Maceió - A Dilma não entendeu até agora que não foram só
as pedalas responsáveis pelo seu expurgo da presidência. O que a derrubou na
verdade foi a sua incompetência para exercer o cargo e a avassaladora corrupção
no seu governo. Essa coisa de conspiração, golpe e oportunismo do vice é
balela. Ela procura pretextos que lhes parecem convincentes para justificar a
sua inaptidão para governar.
O que o Brasil poderia esperar de uma pessoa que
falsificou o próprio currículo para se qualificar? Nada. Essa notícia apareceu
durante a primeira eleição e ela para se justificar culpou os redatores da
campanha pelo equívoco. Ora, nenhum assessor de bom senso vai rechear o currículo
de um candidato se não for autorizado. Se ela foi capaz de adulterar o próprio
histórico da sua vida acadêmica, certamente o pais não poderia esperar dela
atos honestos na presidência da república.
A mania de não se responsabilizar por suas ações também
se caracterizou quando ela negou a própria assinatura na compra da refinaria de
Pasadena que lesou os cofres da Petrobrás em 1 bilhão de dólares. Denunciada,
logo tentou se justificar com o argumento de que teria sido enganada pelos
diretores da Petrobrás antes que o escândalo ferisse de morte o seu mandato.
Não adiantou. Ao depor na delação premiada, Nestor Cerveró, assegurou ao juiz
Sérgio Moro que a Dilma sabia o que estava assinando. Portanto, ela, então
presidente do Conselho da Petrobrás, foi de fato quem autorizou a compra da
geringonça.
Essas falhas de caráter da ex-presidente foram ficando
mais evidentes durante os dois mandatos. Agora, no segundo, quando esteve
frente à frente com os senadores para se defender das pedaladas, as mentiras
saiam da sua boca com a leveza das verdades. Sustentou durante todo o
depoimento que não cometeu nenhum crime fiscal, quando todas os indícios
apontavam ter sido ela a autora da manipulação dos empréstimos aos bancos
oficiais. Chegou a insinuar que os seus amigos gaúchos no Banco Central teriam
sido os responsáveis pelas pedaladas, tentando terceirizar seus atos
irresponsáveis.
A ex-presidente que se esforçava para parecer uma pessoa
valente, de caráter inquebrantável e determinada, uma mulher guerreira, dona do
seu nariz, não passava de um objeto manipulável à frente do governo. Quando
tinha que decidir sobre os assuntos mais delicados da nação viajava para São
Paulo para se aconselhar com Lula, o cara que de fato governava o país pela
terceira vez. Não dava um passo sem pedir orientação ao antecessor. E quando
tentou agir sozinha, teve que recuar para não contrariar o parceiro. Nos
últimos meses de governo foi repreendida até mesmo pelo fundamentalista Rui
Falcão, presidente do PT, quando tentava se assanhar para mexer no ministério
escolhido pelo partido.
Antes de ser afastada da presidência, submeteu-se ao
vexame de nomear Lula ministro na Casa civil para evitar a sua prisão. Por isso
está sendo processada por tentar obstruir o trabalho da justiça. Não escondeu
do país a sua submissão a cúpula do PT mesmo sabendo que estaria colocando à
prova a sua capacidade de gerenciar o país. Nessa altura, mostrava-se dominada
e a reboque do partido. Usou de um truque sórdido e reprovável para salvar a
pele de Lula que estava na bica de ser preso. Naquele momento, diante daquele
ato extravagante, o Brasil já estava ingovernável com os movimentos sociais nas
ruas pedindo sua cabeça.
Todas as vezes que tentou se proteger em momentos de
crise evocou a sua história de luta contra a ditadura como se ela, sozinha,
tivesse enfrentado os militares. Ao ser inquirida, ouviu de alguns senadores
que não estava sendo julgada pelo seu passado, mas tão somente pelo seu
presente. E que os mais de 50 milhões de votos, segundo o senador Ricardo
Ferraço, não lhes serviam como salvo conduto para ela destroçar a economia e
acobertar os maiores escândalos de corrupção do país.
As ações da Dilma e os seus atos de fraqueza à frente da
presidência só serviram para mostrar ao povo brasileiro que a sua principal
representante, eleita para proteger e defender a nação, não passava de uma
marionete submissa a um grupo que se organizou para se perpetuar no poder
sangrando os cofres públicos.
A tão propalada valentia da ex-presidente espalhada por
seus áulicos, na verdade, servia para esconder a fraqueza e a fragilidade do
caráter de uma presidente que deixou o poder sem exercê-lo porque, de fato,
nunca governou com autonomia.
*Jorge Oliveira é jornalista e escreve no Diário do Poder
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