Dom José Alberto Moura
Arcebispo de Montes Claros (MG)
Quando encaramos e assumimos a vida como missão dada pelo
Criador, preocupamo-nos com o bem comum a ponto de usarmos nossas capacidades e
carismas para fazer o bem. É claro que devemos nos preocupar conosco mesmos.
Porém, se não convivermos fazendo o bem aos outros, temos, como contrapartida,
os efeitos nocivos para nós mesmos. Ao invés de só pensarmos em fazer muros
altos, concertinas, cercas elétricas e câmeras de segurança, precisamos formar a consciência cidadã e o desarmamento
dos ânimos e de todo tipo de arma para a segurança de todos. A educação com os
valores do altruísmo, da ética e da moral nos ajuda a sermos mais solidários com
todos. Jesus é o maior Mestre que faz e dá lição de amor a ser vivido por
todos.
Muitos vão às urnas votar displicentemente e dar seu
apoio por retribuição de algum favor recebido ou por ignorar ou não usar do
discernimento anterior para conhecer o verdadeiro perfil ético, honesto e de
competência da pessoa escolhida para governar ou legislar em benefício do bem
comum. Outros têm consciência de sua real missão de votar com responsabilidade
em quem sabe ser o melhor para exercer o importante cargo público para legislar
ou administrar a coisa pública. A corrupção eleitoral é o modo mais deletério
de exercer a política, que deveria ser um nobre exercício de trabalhar em
proveito da sociedade.
Vários Pontífices já alertaram sobre o bom exercício da
política, como a melhor maneira de se fazer caridade. De fato, o político
eleito para o cargo público, tem em mãos os meios para promoverem a boa saúde,
a educação, a segurança e todos os outros instrumentos para irem ao encontro
dos benefícios em relação às necessidades do povo, principalmente e a partir
dos que mais são carentes. Se for pessoa honesta e com capacidade de legislar e
administrar adequadamente a coisa pública, com pouco faz muito. Ao contrário,
há os que, com muito fazem nada. Vemos muito disso no Brasil e no mundo.
Iniciamos o mês das missões com a grande missão de
ajudarmos os municípios a terem mais gente de caráter e capacidade humana,
ética e cristã, eleitas para realmente servirem bem o povo. Ajudar o
coronelismo político inescrupuloso é o avesso da cidadania. O eleitor que se
preze, dá o voto bem preparado, pensado
e responsável para eleger quem realmente tem competência moral para servir o
povo no cargo a que for eleito. A Palavra de Deus orienta nossa ação
missionária de tornarmos nossa caminha humana com mais acerto na direção da
promoção da justiça, da verdade, da misericórdia e do bem de todos.
Nossa oração suba a Deus pedindo luzes aos eleitores e
aos que forem eleitos para se unirem na grande missão de tornarmos a caminhada
existencial mais humana e cheia de amor a Deus e de uns para com os outros.
Um profeta nos questiona em relação à realidade social,
para ajudarmos a reverter essa situação: “Violência!, sem me socorreres? Por
que me fazes ver iniqüidades quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência
estão à minha frente; reina a discussão, surge a discórdia... Quem não é
correto vai morrer, mas o justo viverá por sua fé” (Habacuc 1,2-3;2,4).
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