Dom José Alberto Moura
Arcebispo Metropolitano de Montes Claros
Muitos jogam pesado na felicidade buscada a todo o custo
no que é material e prazeroso imediatamente. Há os que buscam ideal mais
elevado na vida, sabendo procurar a felicidade na realização de um projeto de
vida realizador com a busca de valores maiores. Superam a ostentação, o acúmulo
de dinheiro, de títulos, de vantagens sociais e bem estar no uso insaciável de
prazeres baseados na satisfação dos instintos de modo antiético e imoral. Sabem
abster-se do que é relativo e efêmero para conquistarem dignidade, baseada no
caráter que as conduzam a conviver com o ideal de servir o semelhante e a
sociedade com os talentos e oportunidades. Trabalham para a promoção do bem
comum, da inclusão social e da cidadania, às vezes às custas de sacrifícios,
renúncias e doação de si. São pessoas felizes e santas, porque seguem um
caminho, embora mais estreito, mas que as levam a realizar o projeto divino em
sua vida. Afinal, para que serve a vida e o que fazemos dela?
Quem pensa que a vida é para gozar dela, usando de tudo e
de todos os meios, lícitos e ilícitos, moral e humanamente apresentados, podem
cair na irrealização de uma vida sem sentido. Esta é passageira. É certo que na
terra procuramos ser felizes. E isso é importante. Mas, de fato, a desenvolvemos
com esse intuito, quando sabemos usá-la para a prática do bem ética e
moralmente falando e vivenciando. O que é só material e de agrado instintivo
nos faz viver com o gosto da saciedade sem a perspectiva de um resultado que
compense não só os instintos, mas também
o ideal de felicidade por buscarmos um
bem maior.
As bem-aventuranças apresentadas por Jesus foram, são e
serão vividas por pessoas santas, que têm um ideal com o gosto de um amor verdadeiramente
realizado, dando sentido pleno à existência. Esse ideal nos leva até a darmos a
vida por causas justas e de ajuda à promoção de vida de sentido e realizador ao
semelhante, segundo o exemplo e
ensinamento do Divino Mestre (Cf. Mateus 5,1-12).
Infelizes são os que colocam a finalidade de vida no que
é transitório e não o podem levar para a vida eterna. Felizes são, ao
contrário, os que tudo fazem para levar
consigo o resultado das ações que dão base a que levemos seus frutos à vida
eterna. Aliás, esses frutos já são saboreados desde já pela alegria de vermos o
bem que fazemos com verdadeiro amor ao semelhante.
Exemplos sobejos de santos e santos temos na história do
passado, do presente e teremos no futuro, por quem não poupa o esforço, o
sacrifício de si, as renúncias e o entusiasmo para promoverem ações e causas de
benefício a todos. Nossa religiosidade deve ser instrumento de ajuda e estímulo
para isso. Mas precisa ser atuante e transformadora da sociedade. Torna-se fé
operante, com o cunho vertical de amor e relacionamento com Deus, mas também
com amor e relacionamento de promoção de vida de sentido ao semelhante. Deus
vai nos julgar pelo bem que realizamos à comunidade, usando os talentos por Ele
doados para isso. Aí vivemos a prática da santidade!
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