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Lava Jato: Filho de Edison Lobão e ex-senador são alvos de operação da PF
Agentes da Polícia Federal cumprem nesta quinta-feira
(16) seis mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Edson Fachin nesta quinta-feira (16) no Rio de Janeiro, Belém
e em Brasília.
Os alvos são o filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA)
Marcio Lobão e o ex-senador Luiz Otávio Campos (PMDB-PA).
Edison Lobão foi eleito presidente da CCJ (Comissão de
Constituição, Justiça e Cidadania), uma das mais poderosas do Senado. É alvo de
dois inquéritos vinculados à Lava Jato, tendo sido citado em algumas delações
como um dos beneficiários do esquema de fraude na Petrobras articulado por um
grupo do PMDB. Em outro, ele é investigado por desvios de dinheiro nas obras
das usinas de Angra 3 e Belo Monte. Na época, ele ocupava o cargo de ministro
de Minas e Energia, durante o governo de Dilma Rousseff (PT).
O ex-senador Luiz Otávio Campos é aliado do senador Jader
Barbalho (PMDB-PA) e também ocupou cargos de destaque tanto no atual governo do
presidente Michel Temer quanto na gestão da ex-presidente Dilma Rousseff. Ele
foi secretário-executivo do Ministério da Integração Nacional, o segundo cargo
mais importante na hierarquia da pasta, quando Temer ainda era presidente
interino. Na gestão da petista, Campos ocupou a secretaria-executiva da extinta
Secretaria Especial de Portos, comandada por Helder Barbalho.
Perguntado sobre se a operação causa algum
constrangimento ao Senado, o presidente da Casa, Eunício Oliveira (PMDB-CE),
negou essa possibilidade. "É um sinal de que as instituições estão em
funcionamento", disse Eunício, que conversou com jornalistas na manhã de
hoje no Senado.
Operação Leviatã
Chamada de Leviatã, a operação é referente a inquérito
instaurado a partir de provas obtidas na Operação Lava Jato e cumpre mandados
nas casas e locais de trabalho dos investigados. Essa é a primeira ação de
Fachin como novo relator da Lava Jato no STF, após substituir o ministro Teori
Zavascki, que morreu no fim de janeiro em um acidente aéreo em Paraty (RJ).
A operação tem como base uma investigação da Polícia
Federal sobre um suposto pagamento de propina a dois partidos políticos. Os
valores ilícitos corresponderiam a 1% sobre obras da Hidrelétrica de Belo
Monte, pagos por empresas integrantes do consórcio construtor. "Os
investigados, na medida de suas participações, poderão responder pelos crimes
de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa", diz a PF.
O nome escolhido pela PF para a operação se inspira na
obra do filósofo político Thomas Hobbes. Nela, ele afirmou que o "homem é
o lobo do homem", comparando o Estado a um ser humano artificial criado para
sua própria defesa e proteção, pois se continuasse vivendo em Estado de
Natureza, guiado apenas por seus instintos, não alcançaria a paz social.
Citado em delação
Márcio Lobão foi citado na delação do empreiteiro Flávio
Barra, ligado à Andrade Gutierrez. Ele declarou ao TSE (Tribunal Superior
Eleitoral) que deixou R$ 600 mil em espécie na casa de Lobão, filho do senador
Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia do governo Dilma.
Segundo Barra, a propina seria relativa a obras da Usina de Belo Monte.
Barra declarou ainda que entre R$ 4 milhões e R$ 5
milhões em propina também foram repassados ao peemedebista pela Usina de Angra
3.
O executivo prestou depoimento em setembro do ano passado
na investigação judicial eleitoral aberta contra a chapa presidencial
encabeçada por Dilma Rousseff (PT) e por seu vice Michel Temer (PMDB).
Ao corregedor-geral Eleitoral Herman Benjamin - também
ministro do Superior Tribunal de Justiça - e o juiz auxiliar Bruno Cesar
Lorencini, o empreiteiro declarou que a propina em Belo Monte era de 0,5% para
o PT e 0,5% para o PMDB - porcentual sobre o valor do contrato.
O juiz auxiliar Bruno Cesar Lorencini quis saber de
Flávio Barra como os R$ 600 mil foram repassados para o PMDB. Ele declarou ter
repassado o valor 'em espécie', mas que 'não tinha disponibilidade pra
entregá-lo em Brasília'. "Então, nós combinamos, então nós fizemos essa
entrega na casa do filho do ministro Lobão, no Rio de Janeiro", declarou
Barra. "Márcio. Márcio Lobão."
De acordo com o delator da Lava Jato, também houve
divisão de porcentual de propina sobre os contratos de Angra 3: para o PMDB
(2%), para o PT (1%)e, em torno de 1,5%, distribuído entre executivos da
Eletronuclear. Barra relatou que 'existiam dois interlocutores principais',
Edison Lobão pelo PMDB e o ex-tesoureiro João Vaccari pelo PT, 'mas que manteve
contato ainda com o senador Romero Jucá (PMDB-RR)'. (Com informações do Estadão
Conteúdo) *Com colaboração de Felipe Amorim, do UOL, em Brasília.
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