Laura Gelbert Delgado, da ONU News em Nova Iorque.
Mais de 35% dos desempregados em todo o mundo neste ano
são jovens, afirmou nesta segunda-feira a Organização Internacional do
Trabalho, OIT.
Em 2016, a taxa global de desemprego juvenil ficou
estável em 13%. Segundo o relatório Tendências Globais de Emprego para a
Juventude 2017, lançado pela agência da ONU nesta segunda-feira, a expectativa
é que o índice aumente levemente para 13,1% neste ano.
Números
O número estimado pela OIT de 70,9 milhões de jovens
desempregados em 2017 representa uma melhora significativa em relação aos 76,7
milhões no auge da crise em 2009. No entanto, a agência calcula que esse número
deve aumentar em mais 200 mil em 2018, chegando a 71,1 milhões.
Para o chefe da OIT em Nova Iorque, Vinícius Pinheiro, o
relatório "traz cifras bastante preocupantes".
"Ponta do iceberg"
"E o que importa não é somente a quantidade de
empregos, né, eu acho que o nível de desemprego é somente a ponta do iceberg
porque mesmo os que estão empregados estão em empregos precários e de baixa
qualidade. O relatório mostra, por exemplo, que 76,7% dos jovens empregados,
três em cada quatro, estão empregados na economia informal, sem proteção, sem
contrato, sem nenhuma garantia. E cerca de 39% dos jovens nos países em
desenvolvimento, que dá cerca de 160 milhões de trabalhadores jovens, vivem
abaixo da linha de pobreza, então, eles estão empregados, mas não ganham
suficiente para viver".
Pinheiro falou ainda do número de jovens que não estão
trabalhando, estudando nem recebendo treinamento: cerca de 21,8% da população
jovem.
Segundo a OIT, a "fraca recuperação nos mercados de
trabalho juvenil exige uma resposta abrangente". Na entrevista, o chefe da
OIT em Nova Iorque citou o que pode ser feito para incentivar o crescimento do
emprego entre jovens.
"Primeiramente é importante investir em educação e
em habilidades, principalmente na área digital. Uma grande parte dos empregos
do futuro, eles vão requerer um certo conhecimento em relação às novas
tecnologias, então, é fundamental que os sistemas de educação preparem a força
de trabalho para os empregos do futuro. Outras áreas que há uma tendência para
expansão são as áreas de serviços financeiros, área de serviços sociais e
saúde, comércio, serviços de hoteis, restaurantes, transporte e também a área
de informação e comunicações".
Pinheiro ressaltou ainda ser importante o acesso a
empréstimos ou a mecanismo de
financiamento que possam inclusive estimular
jovens a gerar seus próprios empregos. Ele também lembrou que o emprego jovem
depende da tendência geral de empregos.
Qualidade
Segundo o relatório, três em cada quatro jovens mulheres
e homens empregados estão em trabalhos informais, em comparação com três em
cada cinco adultos. Nos países em desenvolvimento, essa proporção chega a 19 em
cada 20 jovens mulheres e homens.
Para a OIT, o desafio do emprego juvenil não é, portanto,
apenas sobre a criação de emprego, mas principalmente sobre a qualidade do
trabalho e empregos decentes para a juventude.
Mulheres
O relatório também destaca vulnerabilidades contínuas de
mulheres jovens no mercado de trabalho.
Segundo a OIT, em 2017, a taxa global de participação de
mulheres jovens na força de trabalho é 16,6 pontos percentuais menor que a de
homens jovens e os índices de desemprego entre elas também são
significativamente maiores.
Além disso, a diferença de gênero na taxa de jovens que
não estão trabalhando, estudando nem recebendo treinamento é ainda maior:
globalmente, esse índice é de 34,4% das mulheres jovens, comparado a 9,8% dos
homens jovens.
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