Dom Paulo Mendes Peixoto - Arcebispo Metropolitano de
Uberaba – MG
A história dos povos tem momentos de paz e outros de
conflitos. A paz revela aliança assegurada, porque implica harmonia diante dos
diversos interesses das pessoas e de grupos. Os conflitos são identificados
como quebra de unidade, de aliança ferida, e dificuldade para as pessoas se
relacionarem. A capacidade para construir a fraternidade é o fio condutor para
a boa convivência.
Aliança, na visão bíblica, significa vínculo de unidade e
confiança em Deus. No Antigo Testamento ela era uma realidade muito clara para
o povo de Deus e fazia parte das motivações que conduziam sua peregrinação.
Revoltar-se contra Javé era “quebrar” a aliança e fugir do caminho certo. Foi o
que aconteceu com o povo judeu, tendo que enfrentar os sofrimentos do Exílio da
Babilônia.
Nos novos tempos, a aliança passou a ser sinal visível e
sensível da vida matrimonial, de unidade e convivência de duas pessoas nos
compromissos do casamento. Colocar aliança no dedo significa responsabilidade e
cria vínculos jurídicos com o outro, que faz o mesmo. Acontece que essa aliança
pode ser “quebrada” e trazer consequências drásticas para os envolvidos na
instituição.
Deus fez aliança com um povo e foi fiel nas suas
decisões, porque não o abandonou nos momentos de infidelidade. Criou com ele um
vínculo duradouro, que continua também nos tempos de então. É vínculo apoiado
num projeto de libertação, de esperança cristã e fundamentado em Jesus Cristo,
que reforça a soberania Dele como Criador, como Redentor e Senhor da história.
Na real concretização da aliança de comprometimento com
os ensinamentos de Deus pode acontecer o perigo do apego a situações
secundárias. Isso revela falta de discernimento em relação ao que é duradouro
ou não. A Palavra de Deus tem dimensão de eternidade, porque consegue fazer das
coisas realizadas diariamente instrumentos de elevação do sentido pleno da vida
humana.
Praticar uma vida de aliança com Deus implica vivência
das virtudes teologais: da fé, da esperança e da caridade. Com essas dimensões,
a pessoa consegue mais habilidade para agir nos espaços públicos, nos lugares
onde o testemunho de vida cristã deve fazer a diferença, humanizando as relações
na convivência. No advento e preparação para o Natal o fiel deve superar suas
infidelidades.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Este blog só aceita comentários ou críticas que não ofendam a dignidade das pessoas.